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Impacto do biodiesel na inflação "tem valor considerável"


BiodieselBR.com - 18 jul 2011 - 06:47 - Última atualização em: 06 mar 2012 - 11:46
Conclusão incompleta de estudo da FGV levou as usinas a repetirem o argumento que o biodiesel tem um impacto mínimo na inflação. Diretor do MME questionou a afirmação e apresentou informações que não foram analisadas pela FGV.

Quinta-feira (14), foi realizada na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal uma audiência pública para discutir as dificuldades que as pequenas e médias usinas de biodiesel vêm sentindo para concorrer com as grandes nos leilões da ANP. Os produtores acreditam que uma das respostas seria aumentar, o quanto antes, a mistura de biodiesel no óleo diesel – atualmente em 5%.

Para justificar seu pedido, os representantes dos produtores levaram cópias de um estudo elaborado pela FGV Projetos que aponta que os impactos inflacionários diretos do biodiesel são ínfimos – algo entre 0,00021e 0,00034 ponto percentual ao ano. Em tese, isso permitiria maiores misturas sem que os preços maiores do biodiesel acabassem chegando no bolso do consumidor. Esses números foram apresentados diversas vezes pelas usinas durante a reunião no senado e era considerado um argumento chave do setor produtivo.

Em sua fala, o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo Dornelles, deixou claro que o governo tem fortes ressalvas a esse ponto de vista. Quando o trabalho da FGV fala sobre a influência do biodiesel na inflação é citado apenas o impacto direto. E, nesse caso, ele pode ser considerado pequeno “porque o diesel não é um produto cotado diretamente na apuração dos índices de inflação”.

Segundo ele, mesmo que os impactos diretos do preço do diesel fiquem “na terceira ou quarta casa decimal”, os impactos indiretos “têm um valor considerável”. “Não soa bem imaginar que um aumento do preço do diesel não traz reflexos na inflação. Não é lógica uma colocação dessas”, diz. Ele acrescentou que, por causa dos custos do transporte de carga, os valores pagos pelo diesel estão embutidos em praticamente todas as atividades econômicas do país.

Dornelles informou que já havia colocado esse questionamento as usinas.

Bala de prata
Dornelles criticou a noção de que os aumentos na mistura são uma “bala de prata” que poderá resolver todos os problemas do setor. Para ele, é preciso buscar soluções mais inteligentes e diversificadas que permitam o aumento da produção como a viabilização de nichos de mercado, como as frotas das empresas de transporte coletivo.

Para o governo, novos aumentos na mistura dependeriam de uma série de ajustes e correções que precisam ser feitos. Entre os quais a questão do aumento da participação da agricultura familiar, a finalização das negociações com o setor automotivo e a viabilização de matérias-primas alternativas capazes de baratear o preço do biodiesel. “Dentro dos mecanismos que estamos discutindo, e terão que ser apresentados ao Congresso, possivelmente vai ter necessidade de alguns dispositivos tributários que criem benefícios adicionais para a diversificação de matérias-primas”, adiantou Dornelles.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com