As melhores culturas para os pequenos agricultores - Manoel Teixeira [AgriBio]
O chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Teixeira de Souza, foi o último palestrante do terceiro painel da Congresso Agribio. Com a palestra “As melhores culturas para pequenos agricultores”, ele mapeou as principais oleaginosas comercialmente disponíveis a fim de descobrir quais delas podem render melhores resultados para projetos de fomento à agricultura familiar.
Logo de saída o pesquisador deixou claro que a decisão sobre o que plantar, ou não, é uma decisão que cabe apenas aos agricultores. Segundo ele, a decisão dever ser tomada olhando para as condições regionais, clima, solo e também para a lógica da diversificação de culturas. Mesmo assim, o palestrante ressaltou que a escolha não vai divergir muito em relação às principais culturas oleaginosas do mundo.
“Se olharmos para a produção mundial de óleo vegetais, vemos que a produção cresceu 30% de 2005 para cá. A palma foi a que mais cresceu, seguida pela soja”, enumerou. O Brasil está particularmente bem colocado nesse mercado por ser um país diverso em termos de clima e de solo.
Para Teixeira de Souza há três requisitos que precisam ser cumpridos para que uma cultura se viabilize: pacote tecnológico definido, escala de produção e logística de comercialização desenvolvida. A falta de qualquer um deles deixa o tripé bambo.
No momento a soja é a única que possui todas essas condições. Ela está isolada num grupo só seu. No segundo grupo estão as oleaginosas que já têm um pacote tecnológico disponível no Brasil – dendê, algodão, canola, girassol, amendoim, coco e mamona – bastando investir na criação das condições de produção. Segundo ele o dendê poderia se tornar a segunda estrela do biodiesel, o zoneamento econômico-ecológico feito pelo governo e pela Embrapa descobriu 31,8 milhões de hectares disponíveis para o plantio, mas, embora o Brasil plante dendê há várias décadas, nunca conseguiu se tornar um grande produtor da oleaginosa.
Falta de sementes
O plano agora é mudar essa realidade e o gargalo tem sido a falta de sementes disponíveis para o plantio. “Nos últimos 2 ou 3 anos importamos 15 milhões de sementes”, informou, ressaltando que o problema é o longo período (3 a 4 anos) até que as plantas comecem a produzir. “Isso quer dizer que corremos o risco de estar comprando gato por lebre”, alerta.
Falta também criar uma cadeia que valorize todos os produtos do dendê e não apenas o óleo, o que implica na introdução do conceito de biorrefinarias capazes de agregar valor a todos os produtos e biomassas produzidas por um dendezal.
O pinhão-manso, aponta Teixeira de Souza, saiu do posto de maior promessa do biodiesel para o de maior frustração em poucos anos. Entre 2005 e 2011, a área plantada com pinhão foi de 42 mil hectares para menos de 26,5 mil. “A culpa não é nem do pinhão, ela é uma planta com bastante potencial. O problema é que não tinha genética definida porque a pesquisa começou agora”, explicou.
Entre as espécies nativas em processo de domesticação a macaúba é que a tem apresentado o maior potencial. “A macaúba é a mais interessante”, resumiu, mas ressaltou que ainda serão precisos trabalhos pesados no desenvolvimento tecnológico. “Temos um projeto chamado Propalma que conta com uma rede de 18 instituições de pesquisa e universidades e já conta com alguns resultados”, comemorou. Para o amadurecimento dos projetos dessas plantas perenes, lembrou o pesquisador, será necessário tempo e investimento em pesquisa.
Finalizando sua participação, Manoel Teixeira de Souza destacou a importância das parcerias público-privadas para a viabilização de pesquisas sobre novas oleaginosas para o PNPB.
Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com