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Selo Biocombustível Social

Amazonbio vê limitações no Selo Social


BiodieselBR.com - 07 ago 2013 - 06:00 - Última atualização em: 06 ago 2013 - 18:34

A Amazonbio é um ponto fora da curva do setor de biodiesel. Ela não só é uma das raras usinas sem Selo Combustível Social que vêm tendo sucesso em vender biodiesel com regularidade nos Leilão da ANP. Ela também é uma das mais modestas do mercado nacional, com capacidade anual para 32,4 milhões de litros, e estar instalada na distante Ji Paraná (RO). Foram pouco mais de 8,2 milhões de litros nos quatro certames – entre 28 e 31 – realizados até agora ao longo de 2013.

De acordo com Milton Steagall, que ocupa a presidência da controladora da Amazonbio, a Brasil Biofuels, o fato de aproximadamente 72% das aquisições da agricultura familiar serem feitas na Região Sul indica que há graves distorções no atual modelo do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) que precisam ser corrigidos o mais rapidamente o possível. “O objetivo do programa [do biodiesel] era privilegiar os agricultores familiares mais pobres das regiões Nordeste e Norte. Esse cenário de 72% de matéria-prima oriunda do Sul é ideal? Obvio que não”, protesta acrescentando que sua empresa tem se mantido firme no propósito de desenvolver projetos baseados no plantio da palma-de-óleo nos estados amazônicos. “Até hoje não sucumbi à tentação de assinar contratos com as cooperativas do Sul apenas para ter acesso ao Selo”, complementa.

Steagall prossegue dizendo que existem desafios quase intransponíveis em atuar com a agricultura familiar fora das regiões Sul e Centro-Oeste onde os pequenos agricultores estão melhor estabelecidos. “Eles [os agricultores] não são organizados em cooperativas; também tem a questão da regularização fundiária”, informa acrescentando que ao atuar em rincões da Região Norte ele acaba tendo que fazer tudo praticamente sozinho. “Tenho que juntar as famílias, divulgar o programa e ajudar os agricultores a regularizarem sua situação para que tenham acesso à DAP. Isso tudo vira um ônus”, aponta.

Longo prazo
Não bastasse isso, o modelo atual que reserva 80% dos volumes negociados nos leilões de biodiesel exclusivamente para detentoras do Selo seria um desincentivo para aquelas usinas cujos projetos cuja maturidade só virá no médio para longo prazos. Com esse diferencial de mercado a seu favor, as usinas com Selo podem baixar o preço até inviabilizar o negócio das que não têm selo. Isso atrapalha projetos com o óleo palma, por exemplo, nos quais para que o cultivo em larga escala seja realmente viável, são necessários fazer investimentos vultosos em capacidade de esmagamento.

Esse é um dos motivos que impede a Amazonbio de obter o Selo Social por seu trabalho fomentando a cultura da palma-de-óleo com 78 famílias de produtores rurais no município de Benjamin Constant – numa das mais inóspitas regiões do Amazonas a mais de 1.300 quilômetros de Manaus.

Só para chegar até lá, a usina de esmagamento adquirida recentemente na Bahia vai levar 35 dias. “Esperamos estar com ela pronta até outubro”, adianta.

Mesmo com o projeto pronto para ser colocado em prática, empresa dirigida por Steagall teve seu pedido de Selo negado pelo MDA porque as lavouras ainda não estão em plena produção. “Como ainda não tenho a fábrica instalada, não estamos fazendo a polinização dos dendezeiros, caso contrário, os frutos estragariam e começariam atrair pragas”, conta reclamando que falta flexibilidade e bom senso as regras do MDA.

De qualquer forma a Amazonbio mantém seus investimentos. Assim que tudo estiver pronto no Amazonas, a empresa já tem 150 famílias esperando por uma oportunidade para começar a plantar.

“Eu estou fazendo o meu selo mesmo sem ter o Selo”, conclui o empresário.

Congresso
Todos esses assuntos serão expostos por Steagall durante o Congresso Agribio. O tópico principal de sua palestra é “Os limitantes que impedem a verdadeira inclusão social”.

O evento que acontece no dia 20 de agosto em São Paulo. Mais informações podem ser acessadas aqui.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com{/viewonly}