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Desenvolvimento de matérias-primas


BiodieselBR.com - 09 jun 2010 - 15:48 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:13

A diversificação de oleaginosas é, no curto prazo, um grande desafio para a cadeia do biodiesel, não apenas para sair da dependência da soja, mas também para a inserção social a partir da diversificação nas cinco regiões. O critério de intensidade de mão de obra, pressuposto do PNA e PNPB, indica a necessidade de se direcionar maiores esforços na utilização do dendê (palma) como alternativa para regiões já degradadas na Amazônia. Esta oleaginosa tem se apresentado como a de maior capacidade de absorção de mão de obra e geração de renda extra no campo.

A Embrapa estimou disponibilidade de área de 70 milhões de ha com alta/ média aptidão para o cultivo do dendê, em locais já desmatados. O Brasil já conhece cerca de 40 oleaginosas, nativas dos diversos biomas brasileiros e exóticas, cuja utilização em larga escala pode ser real nos próximos quatro ou cinco anos. Para se compreender esta dinâmica, cabe lembrar que, até 2005, as quatro culturas apontadas como mais promissoras para a produção de biodiesel, fora a soja, eram o pinhão manso, o girassol, o dendê e a mamona (BRASIL, 2005). O algodão ganhou espaço por ser o melhor mercado para o caroço e por não apresentar conitos, assim como o óleo de frituras e o sebo bovino – este último, com resultado acima das previsões.


Da mesma forma, cultivos da macaúba ou do crambe defendidos por institutos de pesquisa para cultivos no cerrado, ou do girassol e da colza para o Sul e Sudeste terão sucesso ou fracasso como resultado das condições econômicas e sociais, além de tecnologias e condições edafoclimáticas. A necessidade de tempo entre a liberação de maior percentual de adição do biodiesel ao diesel também é outra condicionante que pode ser exemplicada na pesquisa com algas. Ela tem se destacado pela promessa de grande produtividade, mas com custos ainda proibitivos; estimativas apontam possibilidade de rendimentos entre 80 e 230 toneladas/ano de biodiesel por hectare (CASTILHOS, 2009; ALGA..., 2009), o que seria muito superior a todas as fontes atuais – a soja, por exemplo, rende de 0,4 a 0,6 tonelada de biodiesel por hectare e por ano8. Questões como esta alertam para a necessidade de continuidade de pesquisas estratégicas e indicam que o incentivo à consolidação do mercado pela simples renúncia fiscal está no limite do desejável para uma atividade sólida.

Referência:
8. Em agosto de 2009 foram realizados testes de rua, em Nova Iorque, Estados Unidos, com um automóvel movido a biodiesel de algas, evento que coincidiu com o anúncio de investimentos de bilhões de dólares de grandes empresas petrolíferas em pesquisas com algas. No Brasil, edital no 26/2008, Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)/CNPq, contratou pesquisas em diversos temas ligados ao desenvolvimento do biodiesel de algas, cujos estudos se iniciaram há mais de 30 anos em diversos países. A Petrobras e universidades brasileiras pesquisam esta e outras matérias-primas.

Fonte: Ipea - Série Eixos do Desenvolvimento Brasileiro - Biocombustíveis no Brasil: Etanol e Biodiesel
Tags: Ipea