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2006

Petrolíferas ficam para trás com o biodiesel, mas podem liderar no futuro


Dezembro 2006 - 30 nov 2006 - 23:05 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

As principais Petrolíferas ficaram visivelmente ausente de produção de biocombustíveis por muito tempo, mas elas estão decididas a ter um papel maior com o advento de novas tecnologias que melhor se ajusta à vocação da indústria petroleira.

A produção global de biocombustíveis aumentou em anos recentes em meio de preocupações de governos ocidentais sobre segurança de abastecimento energético e efeito estufa.

Envolvimento

A indústria tem sido liderada até agora por pequenos produtores independentes como as Indústrias Biopetrol AG da Suíça e por grandes agroindústrias como as processadoras de grão Cargill e ADM (Archer Daniels Midland).

A falta de envolvimento das petrolíferas deve-se em parte ao tamanho relativamente pequeno do mercado--ao redor de 1% de consumo de combustível de transporte global em 2005, de acordo com a Agência de Energia Internacional. Críticos também apontam o longo histórico conservador da indústria.

Mas os executivos de petróleo dizem que a tecnologia é um problema fundamental, porque a atual primeira geração de tecnologia de biocombustíveis dá uma vantagem competitiva a agroindústrias ao invés das petrolíferas.

Os simples processos industriais empregados hoje significam que a chave para a lucratividade na produção de biocombustíveis é o custo da matéria-prima. O acesso a sementes e a grãos baratos dá uma vantagem, mas não expertise em operações complexas, a especialidade das petrolíferas.

"Primeira geração só é obter óleo de sementes. Eu quero dizer, isto é feito há 3,000 anos... O negócio hoje realmente não nos interessa", Wolfgang Ruttenstorfer, executivo principal da OMV da Áustria, a maior refinaria independente da Europa central, contou a Reuters.

Mas as petroleiras estão desenvolvendo novas tecnologias que lhes permitam criar um modelo empresarial de biocombustíveis que se parece muito mais como o que eles estão acostumados.

ESPERANÇAS DA SEGUNDA GERAÇÃO

Os biocombustíveis entram em duas formas principais--biodiesel e etanol.

Com a tecnologia de primeira geração, o biodiesel é feito misturando óleos vegetais e gorduras animais com álcool. O etanol que substitui a gasolina é feito destilando milho, cana-de-açúcar ou beterraba. Ambos custam mais que seus rivais minerais.

Para aumentar o uso, os governos da Europa e dos Estados Unidos estão fazendo leis que forçam os varejistas de óleo a incluir uma porcentagem de biocombustíveis nos combustíveis que eles vendem.

Isto levou algumas refinarias, como MOL, da Hungria e Cepsa, da Espanha anunciar esquemas de primeira geração.

Porém, um movimento mais enfático das petroleiras em direção ao setor depende do uso de tecnologia que mude o poder econômico da matéria-prima para a infra-estrutura.

Segunda Geração

Processos de segunda geração envolvem produzir gases de materiais ricos em celulose- inclusive palha e sobras de madeira, que são convertidas então em combustível líquido. A matéria-prima vale muito menos que óleos vegetais, e é preciso menos terra para produzir uma determinada quantidade de combustível.

Os custos de capital são mais altos, mas este não é nenhum impedimento para um setor capitalizado acostumado a investir bilhões em um único projeto.

“Nós acreditamos que as petroleiras só terão um papel de investimento direto significante em tecnologias de segunda geração”, afirma o banco de investimentos Morgan Stanley em uma nota de pesquisa. 

A petrolífera Royal Dutch Shell planeja construir uma usina de segunda geração (Biomass to liquid - BTL) com a companhia alemã Choren Industries, que o Goldman Sachs estima vai custar por volta de US$2,000 por tonelada de capacidade para construir, comparado a US$190 por tonelada para uma usina de primeira geração que a Biopetrol planeja construir em Rotterdam.

Técnicas de segunda-geração têm o potencial de produzir combustível mais eficazmente e barato, o que poderia neutralizar os produtores de primeira-geração, mas isso não acontecerá nesta década.

A usina da Shell/Choren e outra usina que a Shell planeja com a empresa norte-americana de biotecnologia Iogen Corp. para produzir etanol a partir de celulose não deverá estar funcionando antes de 2009.

Na Chevron Corp. e BP (British Petroleum), as atividades de segunda geração estão sobretudo na fase de pesquisa.

CENTRO DE ADAPTAÇÃO SOCIAL

Ansioso por se envolver o quanto antes, mas descontente com a economia de tecnologia de primeira geração, algumas petrolíferas européias estão apoiando uma nova tecnologia desenvolvida pela refinaria finlandesa Neste Oil.

O sistema NExBTL da Neste pode usar matéria-prima mais barata e produzir um biodiesel que pode ser usado em máquinas atuais sem precisar misturar com diesel mineral.

A Neste está construindo uma usina de NExBTL perto de Helsinque e planeja mais duas unidades com OMV e a petroleira francesa Total.

“Se você quer ser um líder lá, você precisa ser um líder em tecnologia”, disse Risto Rinne, CEO da Neste. 

As usinas NExBTL e projetos de primeira geração tradicionais darão às petrolíferas ao redor de 17% do mercado de biocombustíveis europeu até 2010, disse Mariano Alarco, analista de biocombustíveis da Goldman Sachs.

Isso é um grande salto do zero agora, mas Alarco espera que as agroindústrias permaneçam os líderes do mercado com uns 30%, seguido por produtores independentes com 20%.

A partir de meados da próxima década, quando se espera que a tecnologia de segunda geração seja amplamente adotada, a situação poderia mudar.

O desejo dos governos ocidentais de reduzir sua dependência em energia importada também deverá ajudar a impulsionar o envolvimento das petroleiras.

A União Européia tem atualmente um objetivo voluntário de que os biocombustíveis componham 5,75% de consumo de combustível até 2010. Players da indústria esperam que o objetivo seja obrigatório e aumente.

A França quer um objetivo de 10% até 2015, e o Morgan Stanley acha que isto provavelmente será adotado.

Enquanto isto criaria um mercado multibilionário de euros para biocombustíveis, espera-se que as petroleiras mantenham seu foco primário firmemente em hidrocarboneto, que os analistas esperam, vai continuar suportando a mistura de energia durante muitas décadas.

“BP e Shell estão muito mais interessadas em gastar o dinheiro no upstream (produção de óleo). É nisso que eles ganham dinheiro. É aí que eles têm as vantagens”, Alarco disse.

Fonte: Reuters
Tradução: BiodieselBR.com

Links de interesse:

Biomass to liquid (BTL) em inglês
NExBTL (.pdf 1,49 MB em inglês)