PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
retrospectiva

Retrospectiva 2007: Óleo de cozinha


BiodieselBR.com - 13 jan 2008 - 16:26 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Em meio ao susto com o preço da soja, à decepção com a mamona e ao impasse do pinhão-manso, uma fonte alternativa de matéria-prima prima para a fabricação de biodiesel chamou a atenção em 2007: o óleo de cozinha.

Pelo menos sete Prefeituras anunciaram, ao longo do ano, projetos de reaproveitamento do óleo usado em frituras nos restaurantes e residências visando transformá-lo em biodiesel. As iniciativas vieram na esteira do Projeto Biodiesel Urbano, que desde 2006 funciona em Indaiatuba (SP) em parceria entre a Prefeitura de Indaiatuba, o Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), o Instituto Harpia Harpyia e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A usina de biodiesel da cidade é pioneira, no mundo, na produção do combustível a partir do óleo de cozinha usado. Em setembro, o projeto ganhou até um mascote, como parte de uma campanha para ampliar a coleta do óleo de cozinha usado em todo o país.

A fama da iniciativa de Indaiatuba correu o Brasil  começou a ganhar adeptos. No Rio de Janeiro, a utilização do óleo de cozinha para fabricar biodiesel começou pela Refinaria de Manguinhos, que lançou em abril o Programa de Reaproveitamento de Óleos Vegetais (Prove), junto com a Secretaria Estadual do Ambiente.

A coleta passou a ser feita por 20 cooperativas de catadores de papel em restaurantes, hotéis e condomínios residenciais que recebem de Manguinhos entre R$ 0,40 e R$ 0,60 por litro, dependendo da qualidade de produto.

Segundo afirmou o diretor industrial de Manguinhos, Fernando César Barbosa, no lançamento do projeto, a idéia é misturar 10% do óleo de cozinha a 90% de óleo virgem, produzido a partir de vegetais como soja, mamona e girassol. A refinaria espera que com os 4,5 milhões de litros de óleo de cozinha a produção chegue a 45 milhões de litros de biodiesel.
{sidebar id=13}
Outra cidade fluminense adotou a idéia em agosto. Em agosto, Volta Redonda inaugurou o Programa Ecoóleo mantido pela Associação de Coletores de Resíduos Líquidos e Sólidos. A iniciativa surgiu com a meta de coletar de 100 a 150 mil litros de óleo usando um carro e duas motocicletas doados por empresários da cidade.

Em junho, o óleo de fritura começou a virar biodiesel também no Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente assinou com a Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) um convênio para produzir o combustível a partir de óleo de fritura recolhido nos restaurantes da própria universidade.

O projeto-piloto previa a utilização do combustível nos tratores, carros e caminhões que recolhem os resíduos nas praças e parques da capital. Foi anunciada também a construção de três miniusinas, com capacidade para produzir até 100 mil litros de biodiesel ao mês a partir da reciclagem de óleo de soja usado.

Ainda em junho, a Oleoplan, localizada em Veranópolis, na serra gaúcha, firmou um convênio com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) de Porto Alegre para levar à capital sua experiência de coleta e uso do óleo de cozinha, inaugurada no início de 2007 em Veranópolis e cidades vizinhas.

A estimativa da empresa era chegar ao final do ano recolhendo dez mil litros mensais – dependendo da entrega voluntária por parte da população. Um caminhão-tanque da empresa foi contratado para percorrer diversas localidades recolhendo o óleo depositado em galões.

Outras duas empresas, a Celgon Agroindustrial e Faros - Indústria de Farinha e Ossos e entraram no convênio para ajudar na coleta.

No Mato Grosso do Sul também foi anunciado, em setembro, a aprovação de um projeto de lei, de autoria do deputado estadual Marcio Fernandes (PSDB), que prevê a instalação de miniusinas de biodiesel no Estado que tenham como matéria-prima o óleo de fritura.

O projeto prevê inicialmente a captação das gorduras e restos de frituras das repartições públicas, pontos comerciais (hospitais, creches, hotéis, restaurantes, bares e similares) universidades, condomínios que deverão possuir um depósito para que a cooperativa conveniada com a prefeitura faça a coleta do material.

Em novembro, a cidade de Monte Mor, no interior paulista, também ganhou seu projeto de biodiesel a partir do óleo de cozinha. Segundo informou a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente 40 pontos de coleta do óleo foram espalhados pela cidade, em escolas, comércios e na Prefeitura.

O município, segundo a Unicamp, tem potencial para coletar cerca de 25 mil litros de óleo por mês, algo em torno de 0,5 litro por habitante a cada mês. Conforme informou a Secretaria Meio Ambiente na época do lançamento do programa, o biodiesel fabricado com o óleo  é para ser usado nos veículos da prefeitura e representará uma economia de 30% nos cofres municipais.

A aposta no óleo de cozinha em 2007 chegou a motivar até a invenção de uma bicicleta desenvolvida especialmente para fazer a coleta do óleo. Batizada de Bio-Bike, ela foi apresentada em outubro na Feira Internacional do Meio Ambiente Industrial, em São Paulo.

Patenteada pela Amazônia Eco Biodiesel, fabricante de equipamentos para usinas de biodiesel com sede em Tangará da Serra (MT) a Bio-Bike despertou, segundo a empresa, muito interesse em vários municípios brasileiros.

Veja também:

Matérias-primas
Pinhão-manso
Mamona
Tags: Pelo ralo