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Retrospectiva 2007: Mamona


BiodieselBR.com - 13 jan 2008 - 16:26 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

O óleo de mamona começou 2007 cotado a US$ 1.114 a tonelada, valor 38% maior que o da tonelada do óleo de soja, que na época custava US$ 694. A diferença – histórica – já era apontada por analistas de mercado como um sinal de que a fabricação de biodiesel com o óleo de mamona continuaria inviável. E as notícias que, ao longo de 2007, vieram de várias regiões do Brasil davam conta de que aumentar a produção de mamona seria um problema.

Em janeiro, a usina da Brasil Ecodiesel em Crateús (CE), que deveria operar com óleo de mamona, entrou em operação movida a soja. O motivo foi uma queda de 55,01% da produção de mamona do Estado em 2006. Em 2007 a produção decepcionou novamente.

A previsão de safra colhida no ano ficou em 5.615 toneladas, conforme o último Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa uma redução de 27,23% em relação à produção inicialmente esperada para 2007, que era de 7.716 toneladas.

O motivo apontado pelos analistas para o cultivo pífio, foi a desconfianças dos produtores, que reclamam de falta de incentivos financeiros, de assistência técnica e de garantias de preços mínimos. Do lado do governo do Estado, a explicação foi a estiagem na época do plantio.

Apesar dos infortúnios em 2007, o governo cearense estabeleceu a meta de atingir uma colheita de 45 mil toneladas de mamona e ampliar em quase cinco vezes a área plantada com a oleaginosa, passando dos atuais 10,6 mil para cerca de 50 mil hectares.

Já na Bahia, o problema das usinas de biodiesel que utilizam a mamona foi a concorrência com a indústria ricíno-química.  Fabricante de lubrificantes e perfumaria a partir do óleo da mamona, essa indústria pagou melhor aos agricultores familiares, que não cumpriram os contratos com empresas produtoras de biodiesel.

O secretário de Política Agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antoninho Rovaris, afirmou o descumprimento dos contratos estava concentrado em Irecê, na Bahia, onde a indústria química atua há cerca de 50 anos.

“As empresas da ricíno-química entraram tentando garantir estoques de mamona como forma de garantir sua permanecia em termos de produção. Com isso os preços foram além dos limites, o que para os agricultores é muito bom, mas para efeito da política nacional de biodiesel se tornou incompatível com o preços que foram praticados nos leilões do Selo Combustível Social”, explicou.

Mas 2007 também trouxe esperanças para a cultura. Em julho, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Algodão), de Campina Grande (PB), anunciou uma nova espécie de mamona desenvolvida para ser a primeiro matéria-prima concebida visando a produção de energia renovável no semi-árido nordestino. 

Fruto de uma pesquisa iniciada em 2000, com experimentos feitos na Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Rondônia, a BRS Energia permite ao agricultor uma colheita de cachos com metade do tempo previsto para a colheita das outras cultivares disponíveis no mercado. A produtividade média foi de 1.800 kg/ano em sequeiro.

Em novembro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou seis portarias aprovando o zoneamento de risco climático para a mamona (ano safra 2007-2008) nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Bahia.

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