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Biodiesel

Sergipe: Boquim aposta em girassóis


Jornal da Cidade - Sergipe - 26 out 2007 - 12:17 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Um novo horizonte se abre para a economia do município de Boquim, distante 82 quilômetros da capital: a plantação de girassol para fabricação de biodiesel. O plantio das sementes foi iniciado na segunda quinzena de julho e a primeira colheita está programada para daqui a uma semana. A estimativa é que cada um dos 118 hectares plantados renda uma produção de aproximadamente 1.500 quilos de sementes. Participam deste primeiro ano de cultivo 52 produtores, todos agricultores familiares que conhecem a lida do solo, já que estavam acostumados a plantar fumo ou laranja.

O município, que já foi o maior produtor citrícola do Estado e o segundo do país, hoje não tem posição de destaque nem em Sergipe nem no ranking nacional, por conta das dificuldades e falta de investimento no setor. Agora, volta a ser destaque local se apresentando como pioneiro e maior plantador de girassol para biocombustível. Cada quilo da semente deverá ser vendido por R$ 0,50 a uma cooperativa da Bahia – incentivadora e de certa forma consultora do negócio -, que por sua vez repassará para a empresa Brasil Ecodiesel, que venderá o produto a Petrobras.

“Mas já estamos negociando com a Petrobras para vendermos direto a ela, sem precisar de tanto atravessador. Também estamos planejando a próxima safra e nela, a possibilidade de aumentar o valor do quilo do produto. Estamos estudando ainda a possibilidade de conseguir com a Petrobras o fertilizante e as sementes a custo zero. Nesse primeiro momento, este material foi repassado aos agricultores pela cooperativa, que vai cobrar R$ 122 por hectare plantado”, declarou Jadson Costa Santos, secretário de Agricultura, Comércio, Indústria e Meio Ambiente de Boquim. Ele não soube informar quantos empregos diretos e indiretos o cultivo do girassol gerou ou pode gerar de agora por diante, já que a intenção é, no mínimo, dobrar o tamanho da área plantada e, consequentemente, a safra.

Embora não tenha sabido falar o número de empregos ou o valor que esta nova cultura vai injetar na economia de Boquim, Jadson comentou que junto com a produção e exportação de plantas ornamentais, laranja, agropecuária e algumas culturas alternativas, a exemplo do maracujá, o girassol responde por 40% da economia local. O girassol surgiu como possibilidade para os pequenos agricultores do fumo, que de acordo com Jadson, está tentando ser erradicado do município por ser maléfico à saúde de quem lida diretamente com ele.

“Sem falar que é um trabalho explorador e que não agrega valor, ao contrário do girassol, que não requer muita adubação, enriquece o solo, o caule pode ser usado como ração animal e as sementes para o biodiesel, sem contar que pode acontecer consorciado com a lavoura da laranja”, explicou o secretário da Agricultura.

Essas facilidades agradaram Tarcísio de Jesus Santos, 20 anos, que junto com o tio, conhecido na cidade como Selminho, plantou duas tarefas de girassol. Animado para a primeira colheita do novo produto, o garoto espera que após o debulhamento das flores consiga juntar 500 quilos de sementes. “É algo novo, mas que é fácil de lidar. O solo, antes usado para a laranja, aceitou bem a nova plantação”, declarou Tarcísio.