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Brasil Ecodiesel envolvida em poluição ambiental com glicerina


Diário do nordeste - 02 jul 2007 - 07:37 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Após dois meses de análise, Semace notificou empresas apontadas como poluídoras do manancial, em Crateús

Fortaleza. A intensa poluição do rio Poti, desde o início de maio, causando o aparecimento de espuma e peixes mortos às suas margens, não só preocupa a população de Crateús, mas também os departamentos responsáveis pelo controle e proteção ao meio ambiente e à saúde pública, que estão exigindo a solução imediata do problema. A suspeita inicial, de que a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), a Brasil Ecodiesel e o posto de combustíveis Beira Rio seriam os responsáveis pela poluição, foi confirmada a partir das amostras coletadas pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). O órgão estipulou, até hoje, o prazo para que as empresas tomem as devidas providências.

Rio PotiNo entanto, cada uma delas já anunciou as medidas para a limpeza do rio. Na última quinta-feira, a Brasil Ecodiesel se comprometeu em iniciar, hoje, a retirada dos resíduos. Esta decisão aconteceu durante inspeção realizada nessa empresa pelos técnicos da Semace. De acordo com a gerente do Núcleo de Análise e Monitoramento (Nuam), Magda Kokay Farias, a limpeza terá o acompanhamento da superintendência e o apoio da Defesa Civil e da prefeitura de Crateús.

{sidebar id=1} De acordo com o superintendente da Semace, Herbert de Vasconselos Rocha, o rio encontra-se em estado de emergência e a situação é crítica. “Se as empresas não regularizarem sua situação, teremos de solicitar a interdição imediata. Agora, após dois meses, já estamos no ponto de acabar com essa contaminação, usando medidas drásticas para pressionar os envolvidos. Se for preciso, iremos solicitar a paralisação do seu funcionamento”, avisa. De acordo com o presidente da Comissão do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, deputado estadual Cirilo Pimenta, a situação em que o rio se encontra é grave. “O mau cheiro é insuportável. Além disso, existem crianças que ficaram doentes, após terem tomado banho no rio poluído”, diz.

Causas

De acordo com a Semace, há várias origens que explicam a contaminação do rio. O órgão informa que as três empresas envolvidas na degradação ambiental serão responsabilizadas. No caso do posto, a contaminação foi causada pela água da lavagem de carros, que teria infiltrado no solo e, em seguida, fluída para o rio. “A água utilizada na lavagem dos veículos era depositada em um sumidouro (abertura por onde o líquido escoa), conforme as normas. Porém, o sumidouro com a água suja se encontrava em território de Área de Proteção Permanente (APP), próximo ao rio”, conta o coordenador de Controle e Proteção Ambiental (Copam), Arilo Veras.

A irregularidade foi comunicada à empresa, que já cumpriu o plano de ação e até suspendeu a lavagem de carros em seu estabelecimento. No caso da Cagece, foi identificada uma irregularidade em sua Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). “A Cagece estava lançando, no rio, efluentes fora dos padrões estabelecidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). O parâmetro de coliformes fecais, quer dizer, de resíduos de fezes, estava acima do permitido”, explica. “Essa irregularidade pode ser o causador de micoses na pele de pessoas que tomaram banho no rio; e cólicas, entre outros problemas de saúde, em quem bebeu a água contaminada”. A Companhia informou, porém, que já tomou as devidas providências, implantando o processo de recirculação do esgoto para adequar o efluente aos padrões exigidos pela Semace. “Estamos mantendo o controle de qualidade do efluente através de análises físico-químicas e bacteriológicas periódicas. As análises realizadas na ETE durante todo o mês de junho demonstram que o efluente está totalmente dentro do padrão estabelecido pelo órgão”, diz a Assessoria de Imprensa da Cagece.

Espuma

O coordenador do Copam, Arilo Veras, explica, ainda, que esse tipo de contaminação causada pela Cagece e pelo posto de combustíveis não contribui para a formação de espuma e a mortandade dos peixes. Há de haver outra explicação para esta situação, que pode ser encontrada junto à poluição causada pela Brasil Ecodiesel. A formação de espuma pode ter origem, de acordo com Veras, em um derramamento de substâncias extraídas dos óleos vegetais da mamona e soja.

As amostras coletadas na estação de tratamento da água da Brasil Ecodiesel indicaram que a empresa estava dentro do padrão de lançamento estabelecido pela Portaria 154/2002, da Semace. Porém, foi constatado um derramamento de uma substância à beira da rio, que não foi absorvida pela camada de pedras cristalinas, presente no solo, e acabou fluindo para as águas, causando a poluição. “Esse derramamento foi de alto impacto no meio ambiente, foi ela que causou o surgimento da espuma, encontrada na superfície do rio”, explica Veras.

“Trata-se da presença de óleo vegetal, graxa e glicerina”, esclarece. O coordenador do Copam explica que, na transformação de soja ou mamona em biodiesel, a glicerina é uma das substâncias que é separada durante o processo porque não é utilizada no produto final.

De acordo com a Assessoria de Imprensa da Brasil Ecodiesel, o estudo realizado pelo PhD em Drenagem de Solos, Raimundo Nonato, comprova que a empresa não é responsável pelo atual quadro de contaminação do rio. Mesmo assim, a Brasil Ecodiesel se comprometeu em fazer a limpeza dos dejetos que se encontram no leito do rio e realizar o monitoramento da qualidade da água do lençol freático no subsolo de sua propriedade.

Mais informações: Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). Rua Jaime Benévolo, 1400. (85) 3101-5536. www.semace.ce.gov.br

Rio Poti poluído

AN COPPENS