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Biodiesel

Austríaca BDI mira biodiesel brasileiro


Valor Econômico - 26 abr 2007 - 07:10 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

O aquecido mercado brasileiro de biodiesel continua a atrair investidores europeus. Após a vinda de grupos da Espanha, Portugal, França, Holanda e Bélgica, é a empresa austríaca Biodiesel International (BDI) e a espanhola Entaban Ecoenergeticas que desembarcam no Brasil para prospectar a instalação de usinas no Sudeste e na Bahia em sociedade com grupos locais.

A BDI é a primeira empresa estrangeira especializada em equipamentos para usinas de biodiesel a vir para o país, atraída pelo potencial de geração de negócios. De acordo com dados do governo federal, existem mais de 24 projetos de novas usinas anunciados no país e que ainda não entraram em fase de construção. A única estrangeira a atuar neste segmento no país é a também austríaca Andritz Separation, do grupo Andritz, que já produzia equipamentos para os setores de mineração, papel e celulose e recentemente iniciou a produção de filtros para biodiesel.

Em uma rápida passagem pelo Brasil, cujo roteiro inclui reuniões em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Wilhelm Hammer, presidente da BDI, afirmou ao Valor que um dos primeiros projetos da empresa no país será a construção de uma usina no Rio de Janeiro, com capacidade mínima de 100 milhões de litros por ano e que utilizará como matéria-prima o óleo residual de cozinhas industriais.

A BDI participou da instalação de uma usina semelhante na Áustria que, desde 1994, adota como matéria-prima resíduos do óleo de cozinha utilizado pela rede McDonald's e óleo recolhido por cooperativas. Hoje, as linhas de ônibus de Viena são movidas a biodiesel dessa usina. "O projeto teve grande aceitação do governo porque gerou a inclusão social em uma área urbana. É possível no Brasil também fazer a inclusão, tanto de agricultores como de pessoas que vivem nas cidades", disse Hammer.

A empresa negocia com secretarias de meio ambiente em Osasco (SP), Rio de Janeiro, Juiz de Fora (MG) e Belo Horizonte (MG) a formação de cooperativas para a coleta do óleo de cozinha. Margareth Puttini, da consultoria jurídica Kubac, Svoboda, Kirchweger & Payer, diz que o grupo pretende adquirir todo o óleo coletado por essas cooperativas enquanto as usinas são construídas. A empresa também avalia a possibilidade de instalar um projeto com produtores de algodão da Bahia. "Todas as matérias-primas serão analisadas. O mais importante é fazer o primeiro projeto. Se ele tiver sucesso, outros serão atraídos", afirmou Hammer.

O trabalho no Brasil, observa, será realizado em três fases: negociação da compra de matérias-primas; contrato de venda com distribuidoras de combustíveis e, por fim, a construção da usina. Nesse processo, a BDI fornecerá parte da tecnologia para a construção da usina. A maior parte dos equipamentos, conforme Hammer, será adquirida de indústrias que já atuam no país, como a Dedini.

O investimento na construção da usina será feito pela espanhola Entaban, sempre em parceria com sócios locais. Juan José López, conselheiro delegado da Entaban, diz que entre possíveis parceiros que a empresa busca está a Petrobras. "Na Europa, Argentina, no Uruguai e Equador estabelecemos usinas em parceria com as petrolíferas, porque facilita a entrega do biodiesel e reduz custos", afirmou. Na Argentina, por exemplo, a Entaban constrói uma unidade de 60 milhões de litros/ano em parceria com a Repsol.

O valor a ser investido no Brasil ainda não está definido, segundo López. Conforme fontes ligadas ao setor, o custo médio para se instalar uma usina no Brasil para 100 milhões de litros ao ano é de R$ 20 milhões. Na Europa, diz López, o custo chega a US$ 30 milhões.

As duas empresas também planejam instalar uma fundação de pesquisas no Brasil para testar o potencial de matérias-primas como babaçu, jacarandá e pinhão manso.

Cibelle Bouças