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Biodiesel

Portugal: Agência de Energia quer recolher óleo de cozinha


Setúbal na Rede - 30 mai 2007 - 16:22 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A agência local de Energia e Ambiente da Arrábida (ENA) está a desenvolver um projecto com o objectivo de proceder à recolha de óleos alimentares usados nos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal, para que se possa proceder à sua reciclagem e posterior utilização no fabrico de biodiesel. Cristina Daniel, da ENA, adianta que o principal problema que este projeto enfrenta reside no fato de "não existir óleo padrão", ou seja, contentores que permitam a recolha dos óleos de uma forma segura.

Há várias agências locais de energia em Portugal que recolhem óleos alimentares usados, mas cada uma utiliza um contentor diferente onde os cidadãos podem proceder à deposição deste tipo de resíduos, com todos os inconvenientes que tal acarreta na sua recolha e transporte. Para ultrapassar este óbice, a ENA e as restantes agências “vão tentar envolver a indústria no projeto, para que possa ser desenvolvido um modelo padrão”.

{sidebar id=13}As vantagens da recolha destes óleos são enormes. Desde logo, a nível ambiental, já que evita a sua deposição no solo ou nas redes de água, depois porque o biodiesel – existe uma empresa sedeada no concelho de Setúbal que recolhe e trata os óleos, a Dieselbase – “é vendido a preços mais baratos para as frotas municipais”, o que contribui para a redução da factura energética das autarquias. Atualmente, a mistura de óleos alimentares no combustível é de cinco por cento, mas poderá ir até aos trinta por cento.

Esta responsável da ENA frisa que o projecto se vai iniciar com uma campanha de sensibilização junto das escolas e municípios da sua área de intervenção, o que poderá passar pela criação de pequenos incentivos, como um passaporte ecológico. Quanto à colocação dos oleões, espera vir a “disponibilizar alguns já a partir do início do próximo ano lectivo”, sendo que no próximo ano já deverá ter sido adaptado um contentor padrão e, então, a sua taxa de cobertura do território possa ser maior.

Este projecto integra uma candidatura que a ENA apresentou junto da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), que tem por objectivo promover a utilização eficiente de energia ao nível doméstico, da restauração, dos serviços e industria, e da agricultura.

Esta e outras questões estiveram em evidência na cerimónia comemorativa do Dia Mundial da Energia, que se assinala hoje, promovida pela ENA, que trouxe à Escola Secundária de Palmela, entre outros convidados, Vítor Santos, presidente da ERSE, que alertou para a “cada vez maior dependência energética de Portugal e da União Europeia”, que importa cerca de 50 por cento da energia que consome.

No futuro, e caso não sejam tomadas medidas para reduzir esta realidade, “as importações podem atingir os 70 por cento”, o que constituirá um problema, já que “os países fornecedores são instáveis a nível económico, social e político, e os preços tendem a subir”. A solução passa pela “aposta nas energias alternativas”, apesar de algumas ainda não estarem suficientemente desenvolvidas devido ao grande investimento tecnológico que é necessário, mas que com menos impactos ambientais negativos, relativamente aos combustíveis fósseis tradicionais.

“O tempo da energia barata acabou”, afirmou, dirigindo-se aos jovens estudantes que assistiam à sua intervenção, a quem aconselhou a adoptarem hábitos de poupança de energia. O consumo de energia de forma eficiente, disse, “contribui para diminuir a importação de energia e diminuir a factura energética nacional e das famílias”.

Vítor Santos alertou os consumidores para visitarem o sítio da ERSE na Internet, onde está disponível um simulador de contratação de potência, que os poderá ajudar a saber se a potência que têm contratada actualmente é a mais correcta para as suas necessidades ou se devem contratar outra potência, reduzindo a sua factura.

Paulo Morais