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Biodiesel

ANP pode punir atraso na entrega do biodiesel


Folha de S. Paulo - 14 out 2007 - 10:16 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Produtores seriam excluídos de leilões do combustível

Usinas que atrasaram a entrega do biodiesel comprado pela Petrobras poderão ficar fora dos próximos leilões do combustível. O alerta foi feito pelo diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima. Produtores que estão nessa situação argumentam que problemas externos atrapalharam o fornecimento. O impedimento mais citado é uma eventual falha da BR Distribuidora, responsável por retirar o produto.

"Quem participou dos leilões anteriores e não cumpriu o contrato não deve participar [dos próximos]", disse o diretor-geral da ANP. O principal argumento de Lima é que os editais dos quatro leilões já realizados prevêem punição a fornecedores que descumprirem prazos e especificações.

A possibilidade de punição causa mal-estar entre usineiros. Com o temor de que possam ficar sem ter para quem vender, produtores já têm dito ao governo que o atraso ocorreu por problemas de terceiros. O principal deles de responsabilidade da Petrobras.

"Mesmo tendo adquirido o biodiesel, distribuidoras foram mais lentas que o necessário na retirada. Isso gerou acúmulo de produto", diz o presidente do Conselho de Administração da União Brasileira do Biodiesel, Juan Diego Ferrés. Conforme o modelo em vigor, o biodiesel produzido precisa ser retirado pelas distribuidoras nas usinas. Esse trabalho é de responsabilidade da Petrobras e da BR Distribuidora.

Procurada, a BR Distribuidora não respondeu até o fechamento desta edição. Mas a Folha apurou que a empresa não aceita o argumento dos usineiros e atribui o problema aos próprios produtores, que teriam enfrentado problemas com a matéria-prima -que subiu além do esperado- e especificações técnicas -alguns produtores não conseguiram atingir o padrão mínimo de qualidade exigido.

Dados da ANP mostram que só 31% dos 840 milhões de litros contratados foram entregues até agosto. Mas há empresas que não forneceram nada e podem ficar fora dos leilões.

A paulista Ponte di Ferro, por exemplo, prometeu entregar 50 milhões de litros, mas, até agora, nenhum litro chegou aos tanques das distribuidoras. Sérgio Galdieri, diretor da empresa, disse que a companhia não se pronuncia sobre o tema.

Entre as cinco maiores produtoras, a única que deve terminar o período dentro do cronograma é a Granol, que vendeu 84,1 milhões de litros e já produziu 86 milhões de litros. A Brasil Ecodiesel, maior do setor, vendeu 496 milhões de litros e entregou só 25%. Procurada, a empresa não respondeu aos pedidos de entrevista.

FERNANDO NAKAGAWA