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[Análise] Ecodiesel e Agrenco em situação delicada


BiodieselBR.com - 15 set 2008 - 11:21 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:07

Com a produção de biodiesel de julho oficializada pela ANP é possível ver com mais clareza o que vem ocorrendo com o setor. No começo do mês de julho as notícias sobre a Agrenco ocuparam um bom espaço na mídia, assim como notícias da Brasil Ecodiesel que são assunto corrente na imprensa. Os dados sobre a produção de julho mostram duas situações distintas: a má fase da Agrenco e da Brasil Ecodiesel e a boa fase das outras empresas do setor.

Os problemas legais da Agrenco e as dificuldades financeiras da Brasil Ecodiesel são notórias. O que não estava claro era como isso afetaria sua produção.

Os diretores da Agrenco foram presos logo antes do início do B3e a empresa teria que entregar mais de 13 milhões de litros de biodiesel por mês. Acabou produzindo apenas 2 milhões de litros deixando de entregar mais de 11 milhões de litros que seriam utilizados para a mistura no diesel.

A situação dela só não é pior do que a da Brasil Ecodiesel. Mesmo tendo uma produção decrescente nos últimos meses imaginava-se que era uma decisão estratégica de não entregar o biodiesel ao baixo preço vendido no primeiro semestre, utilizando para isso os problemas de retirada de biodiesel e, para postergar as conseqüências ruins, a ação judicial contra a Petrobras. Contudo imaginava-se que no terceiro trimestre a empresa fosse entregar quase todo o biodiesel vendido, já que o preço era compensador. Mas a produção informada pela ANP foi muito baixa, menor até que a da Agrenco, de apenas 1,4 milhões de litros.

O volume que empresa deveria entregar no mês de julho era de 21,4 milhões de litros, o que resulta em um déficit de 20 milhões de litros. Se somados aos 11 milhões de litros não entregues da Agrenco teremos uma falta de quase 30% do volume que deveriam ser entregue em razão dos leilões da ANP.

A situação para a Brasil Ecodiesel pode ficar difícil de administrar. Muitos não entenderam porque a empresa não teve seu contrato cancelado pela Petrobras no primeiro semestre e será muito mais difícil de entender se não houvesse o cancelamento nesse trimestre. Seria fácil de assimilar o cancelamento não só da Brasil Ecodiesel, mas também da Agrenco, já que ambas não produziram nesse mês nem 10% do biodiesel necessário, e qualquer volume abaixo de 60% permite a Petrobras cancelar. Com já fez com a Binatural (GO) e com a Biocamp (MT) no começo de 2008. A situação mais estranha de todas seria se a Petrobras cancelasse apenas o contrato com a Agrenco.

Cabe uma ressalva. É possível que os números apresentados pela ANP sejam retificados no próximo mês e incluam a produção das usinas que não constam, mas os dados da Brasil Ecodiesel dificilmente são alterados, fato que se atribuí ao cumprimento do prazo de envio das informações pela empresa, prazo esse que não é cumprido por outras empresas.

A queda de produção só não afetou significativamente a produção mensal de biodiesel porque várias outras usinas produziram um excelente volume de biodiesel. A resposta dada por essas empresas deve dar orgulho ao presidente Lula, já que são elas as verdadeiras responsáveis pelo sucesso do programa brasileiro de biodiesel.

A análise desta semana continua nas páginas:
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