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Análise da Semana: 17.set.07


BiodieselBR - 16 set 2007 - 19:02 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Análise Semanal 17.set.07

Abaixo da meta do B2
A produção brasileira de biodiesel no mês de julho foi de 26.238 m³ (com a retificação da ANP), superando em 840 m³ o mês de junho. Essa produção, apesar de superior ao mês anterior, não mostra o aumento no ritmo da produção necessário para atingir em janeiro a produção de 70 milhões de litros mensais necessários ao B2.

Apesar de a capacidade instalada ser suficiente para o B2, ainda há dúvidas no mercado se essa capacidade será convertida em produção efetiva. A razão dessa desconfiança deve-se ao fato de que a maior produção do biodiesel atingida no Brasil em um único mês foi em julho, com 26 milhões de litros.

Além da produção de biodiesel, a distribuição também preocupa. As distribuidoras precisarão estar prontas para buscar milhões de litros de biodiesel todos os meses em dezenas de usinas espalhadas pelo Brasil e misturá-los ao diesel. As usinas já avisaram que um dos motivos da produção não ter sido maior deve-se à falta de retirada do biodiesel pelas distribuidoras.

As novidades na produção de julho ficam por conta da Oleoplan. Em seu primeiro mês na listagem a produção foi de 1.412 m³ de biodiesel. A capacidade autorizada da Oleoplan é de pouco mais de oito milhões de litros por mês. Aparece também pela primeira vez na listagem a Ouro Verde, com uma produção de seis mil litros apenas.

Biodiesel clandestino
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Mato Grosso (Sindipetróleo-MT) vem alertando a Secretaria da Fazenda Estadual e a ANP (Agência Nacional de Petróleo) quanto à venda ilegal de biodiesel no Estado. O alerta do Sindipetróleo está baseado nos números comparativos do ano de 2004 e 2006. No ano de 2004 foram comercializados no estado dois bilhões de litros de diesel, enquanto que em 2006 a comercialização caiu para 1,46 bilhão de litros. Uma diferença de 540 milhões de litros. O Sindipetróleo aponta o biodiesel clandestino produzido no estado como o causador dessa redução de venda de diesel.

Até outubro de 2006, o preço do óleo de soja degomado no estado de Mato Grosso era cotado em cerca de R$ 1,10 o quilo e o diesel entre R$ 1,90 e R$ 2,20 o litro. Em função dessa diferença muitos produtores rurais e outros grandes consumidores passaram a usar óleo vegetal bruto ou degomado em suas máquinas ao invés do biodiesel. Parte dos 540 milhões de litros de diesel consumidos a menos em 2006 no estado estão associados também à menor atividade agrícola em função da crise, reduzindo em cerca de um milhão de hectares de soja plantados no ano safra 2006/07, segundo dados da Conab.

É possível que o biodiesel clandestino tenha sido um dos motivos na redução do consumo de diesel, mas não é justo culpar apenas ele.


Exportação argentina
O governo argentino informou os valores da exportação de biodiesel. Foram 46.300 toneladas, totalizando 35 milhões de dólares exportados entre abril e agosto deste ano. O bloco europeu foi o maior comprador, adquirindo cerca de 86% de todo o biodiesel vendido pela Argentina.

Diferente do Brasil, a Argentina incentiva a exportação de produtos com maior valor agregado. Para a exportação de óleo de soja in natura, degomado ou refinado o imposto é de 24%. Já para o biodiesel a taxação cai para 5% e o exportador ainda tem o direito a um ?reintegro? - uma devolução de 2,5%.

O Brasil isenta os impostos da exportação de soja em grãos, por isso é o maior exportador do produto.


Subsídios
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) pediu aos governos que cortem os subsídios para os biocombustíveis e que incentivem as pesquisas para encontrar tecnologias que evitem a concorrência pela terra usada para a produção de alimentos.

Segundo a OCDE, os incentivos fiscais adotados em muitas regiões, como na União Européia e nos EUA, podem esconder outros objetivos, como proteger a agricultura da abertura comercial.

No Brasil, ao contrário do que acontece nesses países, os biocombustíveis são altamente taxados com impostos e mesmo assim são competitivos.

Se, por um lado, produzir biocombustíveis baratos é a salvação, por outro, países do bloco europeu podem vir a exigir um sistema de auditoria externa das condições sociais e ambientais da produção brasileira.


Impostos portugueses
Portugal isentará do ISP (Imposto sobre Produtos Petrolíferos) a produção de biodiesel que utilizar matéria-prima produzida no país. A usina que produzir biodiesel com 50% da matéria-prima local ficará isenta do imposto.

A proposta do governo português lembra o programa brasileiro do Selo Combustível Social, que isenta de PIS e COFINS usinas que utilizarem um percentual de matéria-prima produzido por pequenos produtores rurais.

Redução nos impostos sobre o biodiesel é o caminho que países desenvolvidos estão encontrando para viabilizar a produção e para que o biodiesel possa competir com o diesel. O consumidor final ainda não é consciente o bastante para pagar mais caro por um combustível renovável. Ele busca no mínimo um preço igual.


Cotações
As cotações futuras do óleo de soja na bolsa de Chicago apontam para cima.

Em centavos de dólar por libra peso: cotações do fechamento da bolsa de Chicago desta sexta feira 14/09/2007:

Setembro de 2007: U$ 0,3937
Dezembro de 2007: U$ 0,4002
Março de 2008: U$ 0,4071
Julho de 2008: U$ 0,4092
Setembro de 2008: U$ 0,4060

Nesta semana os preços do óleo de soja na bolsa de Chicago tiveram uma forte alta após a divulgação do relatório do USDA (Departamento de Agricultura Americano) que estimou um aumento de consumo de óleo para biodiesel em 40% e uma redução dos estoques em 32,7%.

Essas cotações demonstram claramente a tendência do preço futuro do principal insumo para biodiesel hoje no Brasil. Esses preços acrescidos de impostos e fretes levam a um preço final do óleo de soja posto na usina de biodiesel muito próximo a R$ 2,00 o litro.


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