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[Análise] Os bons exemplos do setor de biodiesel


BiodieselBR.com - 07 jul 2008 - 12:10 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

Análise Semanal 07.jul.08

Os bons exemplos do setor
O setor de biodiesel esteve envolvido com notícias ruins nas últimas semanas. Os problemas com os diretores da Agrenco e com a produção da Brasil Ecodiesel afetam indiretamente todas as outras usinas. Muitos passam a olhar o setor com certa desconfiança e descrédito.

Essa generalização não deve ser feita, pois apesar dos problemas existem muitas usinas dando bons exemplos de administração e seriedade. São essas usinas que tem que estar à frente de qualquer propaganda ou apresentação do biodiesel brasileiro no mundo.

São várias as usinas que estão produzindo biodiesel de maneira impecável, mas pouco se fala delas. Granol, ADM, BSBios, Caramuru, Oleoplan e muitas outras tratam o biodiesel com um olhar no futuro. Essas empresas estão construindo uma boa imagem em um setor que está se consolidando, e com isso terão bases sólidas para concorrer quando o mercado deixar de se organizar através de leilões.

Um exemplo de visão pode ser tirado da BSBios. A usina não vendeu biodiesel nos leilões de novembro do ano passado porque entendeu que aqueles preços não eram adequados para produzir biodiesel, sendo melhor deixar a fábrica parada. Hoje ela não precisa produzir biodiesel a preço abaixo de custo, e nem por isso ficou sem produzir. Como algumas empresas que venderam naqueles leilões não entregaram todo o biodiesel, a Petrobras teve que fazer novos leilões neste primeiro semestre, que chegaram a alcançar até R$ 3,30. Agora a empresa está operando com capacidade máxima, a um preço que lhe dá lucro.

Outro exemplo de seriedade e compromisso é o da Caramuru. A empresa ocupou toda sua capacidade produtiva com os leilões de novembro da ANP e os dois primeiros leilões da Petrobras, o que não permitiu vender biodiesel nos leilões mais recentes da Petrobras, em que os preços chegaram a R$ 3,30. Ou seja, a empresa preferiu honrar seus contratos que tinham um preço baixo a deixar de entregar parte do biodiesel para vender a um preço melhor.

As empresas sérias e com visão é que precisam ser a cara do biodiesel no Brasil. Não devemos deixar que os maus exemplos sejam considerados a regra para o setor de biodiesel, porque eles não são. O governo e todos os envolvidos devem mostrar que a regra são empresas comprometidas e com administração séria.

O conceito do setor de biodiesel está em formação na mente do brasileiro, e para que não seja preciso limpar o seu nome no futuro, como ainda faz o setor de etanol, é preciso valorizar os bons exemplos.


Restrição aos biocombustíveis
A Suíça está se antecipando ao que a Europa deverá fazer nos próximos anos. Criou barreiras sociais e ambientais para a entrada de biocombustíveis no país. O governo suíço dará exoneração fiscal à importação de biocombustíveis que se enquadrarem nas suas normas, dando o mesmo tratamento que já é aplicado hoje ao etanol de madeira e beterraba produzido no país. Para os biocombustíveis se enquadrarem nas novas normas, o importador deverá provar que o combustível reduz a emissão de gases de efeito estufa em pelo menos 40% em relação aos combustíveis fósseis, que não provoca desmatamento e que não ameaça a floresta tropical e nem a biodiversidade.

Essas são algumas das barreiras que os biocombustíveis terão de enfrentar para entrar no mercado europeu. A legislação suíça chama atenção em dois pontos: o etanol produzido com restos de madeira e outros resíduos não precisará provar nada para receber os benefícios; já o biodiesel de dendê, soja e outras oleaginosas alimentares não receberá benefício algum.

Os suíços estão mostrando qual deve ser o tratamento e as barreiras comerciais e ambientais que o biodiesel receberá da União Européia num futuro próximo. Os europeus abrirão mercado para nosso biodiesel, até com redução de tarifas. Mas para que isso ocorra nosso biodiesel deverá ser produzido de forma sustentável. Sustentabilidade aqui não se refere apenas ao aspecto econômico, mas principalmente aos ambientais e sociais.

Outra coisa que a Suíça antecipa é que a segurança alimentar sempre estará acima da segurança energética.

A Europa não tem áreas agrícolas sobrando para produzir o biodiesel de que precisa. Cabe ao Brasil aproveitar essa oportunidade, com os cerca de 100 milhões de hectares de terras aptos à produção que hoje são subutilizados e os 30 milhões de hectares usados para o plantio da safra de verão que ficam ociosos no período de março a setembro. O Brasil pode fazer isso sem derrubar uma única árvore e sem entrar na floresta amazônica.

Os sinais emitidos pelo velho continente são claros. As oportunidades para participar deste mercado já estão postas, e para tal será preciso um engajamento econômico, ecológico, social e ambiental dos empresários brasileiros.


Nova fase
Primeiro de julho chegou. A partir dessa data iniciam as entregas de biodiesel dos leilões efetuados pela ANP em abril, com um preço melhor, proporcionando até uma certa margem ao usineiro. E acabam nessa data também as entregas dos leilões de novembro de 2007, que se transformaram em um pesadelo para quem vendeu.

É um novo momento para as usinas de biodiesel, que irá se refletir em todo o mercado. Todas as empresas que se relacionam com as usinas de biodiesel participantes dos leilões deverão sentir a diferença de ânimo. Há ainda os leilões da ANP para o segundo semestre do ano, e a expectativa é de preço mais alto para o biodiesel.


Conferência em São Paulo
Conheça a programação do evento sobre biodiesel a ser realizado em São Paulo.

Confira...


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