PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
analises

Análise da Semana: 01.fev.08


BiodieselBR - 06 fev 2008 - 13:39 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Análise Semanal 01.fev.08

Usinas devem ir a campo
Nunca antes nesse país o agronegócio brasileiro viveu 15 meses de tão bons preços de seus produtos. A demanda mundial por soja, milho, trigo, outros grãos e óleos vegetais está aquecida fazendo com que seus preços se mantenham em patamares elevados.

Os altos preços dos grãos, óleos vegetais e gorduras animais trouxeram apreensão no setor de biodiesel. A crise de preços e a falta de lucros do setor devem ser encaradas como uma oportunidade de novos negócios e soluções. De nada vai adiantar cruzar os braços e reclamar da situação, o momento é de repensar as estratégias utilizadas, corrigir os erros e partir para a ação.

O biodiesel é uma energia que se planta. E no plantar está a solução da maior parte dos problemas que afetam o setor. Transformar em biodiesel óleos produzidos na safra de verão brasileira com preços ditados pelo mercado internacional tem se mostrado inviável, trazendo prejuízos às usinas. O que o usineiro precisa fazer neste momento é partir para o campo, aproveitar a época que se aproxima para o plantio da safrinha e safra de inverno, levar o conhecimento ao agricultor e formar parcerias e integrações com culturas aptas para esta época do ano, como o nabo forrageiro, crambe, linhaça ou outras culturas regionais. Afinal o produtor rural não utiliza a terra de março a outubro, tem as máquinas e dispõe de tecnologia para o cultivo de oleaginosas, restando apenas para o usineiro organizar e garantir a compra de sua produção. A hora é agora de arregaçar as mangas e ir a campo para garantir sua matéria-prima a preços melhores para ter lucros ou ao menos reduzir o prejuízo. Senão terão de esperar sentado um milagre que derrube os preços do petróleo e dos óleos vegetais.

Ir a campo e organizar uma cadeia produtiva que atenda a usina de biodiesel com matéria-prima não é uma tarefa fácil. Envolve planejamento, técnicos qualificados, agrônomos com conhecimentos, investimentos, tempo e uma boa dose de paciência.

A importância de ir a campo nesse momento buscando integrações com produtores rurais para o plantio na safrinha de alguma oleaginosa se justifica porque estas plantas levam no máximo cinco meses entre o plantio e a colheita. Com isto o usineiro já pode fazer sua programação de matéria-prima a partir de final de julho ou agosto e reiniciar a produção de biodiesel com uma matéria-prima com melhor preço.


Não faltará biodiesel
A notícia de que a Petrobras não honrará mais o compromisso de fornecimento de B20 à Vale que duraria por dez anos com valores superiores a R$ 11 bilhões de reais (e a renegociação do contrato com a Viação Itaim de São Paulo do B30), mostra que há um descompasso entre preços de compra e venda.

A gigante Petrobras deve estar vendo a dificuldade de entregar biodiesel a um preço estipulado com muita antecedência. A alegação de que não existe biodiesel não procede. Há muitas usinas operando abaixo de sua capacidade por falta de comprador. Para comprar biodiesel hoje, além dos leilões, tem que estar disposto a pagar um preço maior que o preço da matéria-prima do biodiesel, o que exclui qualquer oferta abaixo de R$ 2,50.

Se os fabricantes continuarem vendendo abaixo do preço de custo e os compradores brigando por preços mais baixos, certamente faltará biodiesel. A mistura B2 não poderá continuar por todo o ano à custa dos fabricantes de biodiesel. O usineiro de biodiesel tem limites no montante de prejuízo que pode suportar.

O momento agora é de sentar à mesa, compradores e usineiros, para definirem preços mínimos. O biodiesel não terá futuro se o usineiro continuar no prejuízo. Como também não terá futuro se a Petrobras e Refap venderem o produto abaixo do custo de compra. O lucro será (como sempre foi) a mola propulsora do crescimento do setor de biodiesel.

Como o fermento faz o bolo crescer, o lucro de todos os envolvidos no biodiesel garantirá que a mistura obrigatória seja perfeita e que nem um contrato seja quebrado por questão de preço.


Selo social
A empresa Ponte di Ferro é a primeira usina de biodiesel a se desligar do programa instituído pelo governo para incentivar a produção familiar de oleaginosas para biodiesel, o Selo Combustível Social.

O governo misturou política social com política energética e não conseguiu alcançar os resultados previstos. O programa é uma faca de dois gumes. Para ter direito à redução ou isenção de PIS/COFINS a empresa tem que dar a contrapartida, com investimentos em máquinas, sementes e pessoal qualificado para dar a assistência técnica aos agricultores familiares exigida pelo programa. Em alguns casos estas despesas podem ser superiores aos descontos de impostos.

O Decreto 5297 que instituiu o programa já nasceu com defeitos e já foi objeto de inúmeras sugestões de mudanças. O selo social precisa ser muito mais abrangente, beneficiando todas as oleaginosas e oleíferas que a agricultura familiar puder produzir em todo o território nacional.

A mamona e o dendê que o programa quis incentivar não obtiveram sucesso em produção até agora. Errar faz parte do ser humano, o problema está em permanecer num modelo que não deu resultados.


As mais lidas da semana

1 Falta biodiesel, Petrobras suspende contrato

2 Nova especificação do biodiesel sai até março

3 A polêmica dos alimentos com os biocombustíveis

4 Biodiesel e agricultura familiar

5 Sefaz libera funcionamento de usina de biodiesel no MT

6 [Charge] Jatrophacultores

7 Cientistas sugerem caminhos para a sustentabilidade dos biocombustíveis

8 Biodiesel é tema de 10 projetos na Câmara

9 Projeto exige coleta e reciclagem de óleo de cozinha usado

10 Filme sobre biodiesel é premiado em Sundance