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Novo Leilão: Novo sistema de comercialização


Edição de Ago / Set 2012 - 22 ago 2012 - 08:57 - Última atualização em: 31 out 2012 - 12:01
26º Leilão de Biodiesel estreia novo sistema de comercialização que aproximausinas e distribuidoras. No total, 769 milhões de litros foram negociados

Fábio Rodrigues, de São Paulo

Em 4 de maio, o Ministério de Minas e Energia (MME) avisou ao mercado que estava para fazer uma reengenharia radical na comercialização de biodiesel, válida já a partir do 26º Leilão de Biodiesel, que seria realizado dentro de um mês. Uma semana mais tarde, as mudanças eram oficializadas pela Portaria MME 276 de 2012, publicada no Diário Oficial da União de 11 de maio.

Pela primeira vez o mercado chegaria ao dia do leilão sem saber quanto biodiesel seria arrematado no trimestre, no caso o terceiro do ano. Essa informação esteve sempre presente nos editais publicados pela ANP com as regras de cada certame. Foi um susto.

Foi preciso esperar até o dia 14 de junho para compreender toda a extensão das mudanças. Fechadas as contas, foram negociados 768,9 milhões de litros de biodiesel por um preço médio de R$ 2,551. Isso garante pouco mais de R$ 1,96 bilhão em faturamento. Um resultado que pode ser considerado vistoso, a despeito das turbulências nas cotações internacionais da soja.

Mudanças

A modificação mais notável introduzida pelo MME foi o fim da cisão entre os leilões, nos quais as usinas vendiam seu biodiesel para notícia notícia a Petrobras, e os releilões, onde os distribuidores compravam esse mesmo combustível da estatal. A partir de agora tudo faz parte de um mesmo processo, embora não aconteça de forma simultânea.

O processo é dividido em três partes. Na primeira etapa as usinas oferecem três lotes com diferentes descontos sobre o preço de referência da ANP. Na segunda e terceira etapas – uma exclusiva para usinas com Selo Social e outra sem essa restrição –, as distribuidoras disputam os volumes ofertados por meio da plataforma de leilões virtuais Petronect. A grande diferença é que as distribuidoras podem comprar quanto biodiesel quiserem e das usinas que bem entenderem, sem a interferência das antigas, e um pouco arbitrárias, restrições regionais. No entender do governo federal, tal medida premia as empresas que tiverem a combinação mais favorável de logística, preço e atendimento.

Continua levando a distribuidora que pagar mais, mas, ao contrário das edições anteriores, esse bônus ficará com o fabricante do biodiesel e não com a Petrobras. De agora em diante, a estatal vai receber um fixo de seis centavos por litro comercializado.

Resultados

O volume de vendas do 26º Leilão ficou 13% acima dos 679,4 milhões de litros comercializados na edição imediatamente anterior e 10% acima dos 700 milhões de litros registrados no 22º Leilão, que abasteceu o mercado no mesmo período do ano passado. Em termos financeiros, esta edição também se saiu bem melhor. O leilão 26 superou em 37% o faturamento de R$ 1,43 bilhão da 25ª edição e em 27% o R$ 1,54 bilhão alcançado no leilão 22.

O resultado foi considerado bom pelos usineiros. O presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Erasmo Battistella, chegou a afirmar ao portal BiodieselBR.com que o preço médio garante rentabilidade para os produtores.

Já a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) não gostou. A entidade chegou a alegar que os preços do biodiesel obrigariam a um aumento de dois centavos no litro do diesel. Isso antes de a Petrobras elevar os preços dos combustíveis fósseis.

Mecânica

Acompanhando o leilão foi possível ver que o desenho da disputa nivela os preços por cima: as distribuidoras começam pelos itens mais baratos e, conforme a concorrência esquenta, outros itens começam a receber ofertas. É como se o mercado estivesse subindo uma escada. Essa foi a primeira vez que as usinas tiveram a chance de acompanhar de perto essa parte do processo, que até então era realizada a portas fechadas.

O processo ainda contou com uma quarta etapa. Depois de encerradas as vendas públicas, a Petrobras arrematou 91,7 milhões de litros para serem usados no abastecimento das chamadas bases democráticas. Não ficou claro quais foram os critérios usados nessas compras.

Destaques

A Oleoplan foi a grande vencedora. As usinas do grupo venderam 113 milhões de litros e garantiram um faturamento de R$ 236,7 milhões no trimestre.

A Granol também surpreendeu, mas por motivo inverso. Acostumada a ser a maior vendedora, dessa vez a empresa fechou menos de 35,8 milhões de litros: 34,4 milhões de litros a partir de sua usina de Goiás e menos de 1,4 milhão de litros na do Rio Grande do Sul, que deverá ficar parada por boa parte do trimestre. Poderia ser pior, se 14,4 milhões de litros não fossem comprados pela Petrobras depois do encerramento do pregão aberto às distribuidoras.

De acordo com a diretora da Granol, Paula Regina Cadette, a empresa manteve seus preços altos porque vê como “alarmante” o custo da soja no terceiro trimestre. “Entramos no terceiro trimestre cautelosos e ficamos realmente surpresos com os preços agressivos do setor”, diz, especulando que a performance das usinas que venderam mais barato pode acabar prejudicada mais para o final do trimestre.