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Mamona: política x pesquisa


Edição de Abr / Mai 2012 - 19 abr 2012 - 12:59 - Última atualização em: 24 abr 2012 - 16:38
Precipitação governamental levou o PNPB a apostar em oleaginosa que ainda não tinha tecnologia madura

Fábio Rodrigues, de São Paulo

Apesar de ter sido eleita o símbolo do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) no seu início, a mamona não correspondeu às expectativas. Oito anos depois, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes, avalia que houve precipitação por parte do governo e que nem sempre a velocidade da técnica acompanha a velocidade da política.

De acordo com o pesquisador, embora não tenha havido má intenção em divulgar os rendimentos potenciais da mamona junto aos agricultores familiares, faltou capacitação para que os agricultores pudessem resolver alguns dos desafios mais urgentes relacionados ao cultivo.

O resultado é que, sem máquinas disponíveis para o plantio, o cultivo da mamona não se desenvolveu da forma como Brasília imaginava. Dados da Conab indicam que, apesar dos incentivos governamentais criados junto com o PNPB, a área plantada na safra 2011/2012 foi de menos de 150 mil hectares – a menor dos últimos seis anos. Na época do lançamento do PNPB, o plantio chegou a ocupar 215 mil hectares.

A tendência de queda tem sido registrada até em estados onde a cultura da mamona é tradicional, como a Bahia. Lá, a área dedicada à mamona encolheu quase pela metade em apenas uma safra – de 141 mil hectares em 2010/2011 para 72 mil hectares este ano. A falta de um pacote tecnológico bem definido, com sementes de boa produtividade e maquinário adaptado ao trato da lavoura, tem sido apontada como um fator de desestímulo.

O presidente da Embrapa aponta que a investida atual no plantio de palma de óleo nos estados da Região Norte foi bem melhor estruturada. “Esse é um programa que nasceu com política de crédito associada à técnica e ao zoneamento”, disse.