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O avanço da Petrobras Biocombustível


Edição de Ago / Set de 2011 - 15 ago 2011 - 11:55 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 16:15

Com três grandes usinas de biodiesel na região Nordeste em locais com logísticas complicadas e precisando crescer para fazer frente aos concorrentes mais bem localizados, a Petrobras Biocombustível (PBio) passou a olhar novos negócios em regiões produtoras de matéria-prima e mais próximas do consumo. No ano passado adquiriu 50% da BSBios Marialva, no oeste paranaense, e agora compra 50% da BSBios de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Com isso a empresa passa a produzir em parceria paritária mais 300 milhões de litros de biodiesel por ano.

Quando a Petrobras entrou no biodiesel optando por montar suas usinas na região Nordeste, me pareceu mais para atender uma ordem política do presidente Lula na época do que um projeto economicamente viável. Até hoje as usinas da empresa no Nordeste compram óleo de soja no centro do país e o transportam por milhares de quilômetros por rodovias problemáticas, aumentando custos e perdendo competitividade no produto final.

Não posso desconsiderar que a estatal está trabalhando para tornar as usinas do Nordeste viáveis. Por viabilizar entenda-se produzir na região a matéria- -prima necessária. O problema é que este é um grande desafio que demanda muitos anos de trabalho, organização e grandes investimentos. Montar novas cadeias de produção de oleaginosas não é um trabalho simples, e se junto a isso é preciso fazer a inclusão da agricultura familiar, o trabalho passa a ser hercúleo. Investir no biodiesel no Nordeste não é fácil. Nos últimos sete anos, a região recebeu inúmeros investimentos em usinas de biodiesel e em agricultura familiar que não deram certo.

Para se ter uma ideia, em 2009 o prejuízo registrado pela PBio foi de R$ 92 milhões, e no ano seguinte, de R$ 110 milhões. Não acredito que nos próximos anos esse quadro se reverta, pelo menos não com os incentivos tributários atuais para o desenvolvimento do Nordeste com o biodiesel.

Mas os investimentos da PBio na região não são sua única aposta de diversificação e incentivo. No Estado do Pará, a empresa tem dois projetos importantes e de futuro, embora de retorno demorado.

Um deles é o Projeto Pará, que tem como objetivo inicial produzir 120 milhões de litros de biodiesel por ano para atender o mercado da região. Envolve desde o plantio da palma em parcerias com pequenos agricultores até a industrialização do biodiesel. O outro é o Projeto Belém, que foi concebido em parceria com a empresa portuguesa Galp e destina- se a produzir óleo para ser transformado em biodiesel em Portugal. A estimativa é produzir 250 mil toneladas de óleo por ano. Este projeto também tem como base a formação de parcerias com pequenos agricultores.

Com esses projetos, a Petrobras está desenvolvendo o biodiesel em três das cinco regiões do Brasil, ficando de fora o Sudeste e o Centro-Oeste. Se o objetivo é crescer com rentabilidade no mercado de biodiesel, é possível que em algum momento a estatal opte por investir com mais força em grandes regiões agrícolas. Já que, sendo a soja a grande oleaginosa do biodiesel, é importante para qualquer empresa do setor ter acesso fácil a esse recurso.

Univaldo Vedana é analista do setor de biodiesel