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Camisa 20 da Seleção: o B20 nas cidades-sede da Copa de 2014


Edição de Ago / Set de 2011 - 15 ago 2011 - 12:23 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 16:15

Cada vez que viajo para o exterior, volto impressionado pela forma como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 estão criando uma expectativa enorme sobre o Brasil. Milhões de pessoas virão pela primeira vez para a terra do futebol, do samba e dos biocombustíveis. Há poucas semanas, participando de uma audiência da Ubrabio com o diretor geral da ANP, Haroldo Lima, fiquei muito feliz com sua sensibilidade e visão ao sugerir que, já na Copa, tenhamos um teor mais significativo de biodiesel (por exemplo, B20) ao menos no Rio de Janeiro e nas demais cidades-sede (São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Cuiabá, Manaus, Brasília, Fortaleza, Recife e Natal).

Essa atitude seria tremendamente emblemática para o planeta e marcaria definitivamente a liderança global do Brasil no cenário dos biocombustíveis. Recentemente, tenho acompanhado a ação de empresas brasileiras em projetos de biodiesel e etanol na África. Vale mencionar a Queiroz Galvão e o grupo Odebrecht, ambas fazendo bonito na implementação do know-how brasileiro em solo africano. Nós que estamos tão envolvidos com as questões do mercado doméstico, às vezes não temos ideia de como somos admirados por iniciativas como a do Proálcool e do PNPB.

Países africanos como Angola, por exemplo, estão apostando nas “bênçãos” do biodiesel, sobretudo de óleo de palma, como contraponto à “maldição social” do petróleo observada tão frequentemente em países do Oriente Médio, África e mesmo América Latina. Angola possui uma população de apenas 19 milhões de habitantes (menos que a Grande São Paulo) e produz cerca de 2 milhões de barris de petróleo por dia (equivalente à Petrobras).

Apesar disso, o contraste social é gigantesco e eles elegeram os biocombustíveis como principal arma para trazer riqueza ao campo e alavancar a agricultura em todos os níveis, do agronegócio ao pequeno camponês. A experiência brasileira pode ajudar a romper esse paradigma que se observa em cidades como Luanda: prédios de altíssimo luxo cercados por uma periferia paupérrima. Isso em proporções colossais, mesmo para nós brasileiros.

Podemos dizer que tudo que ocorre por aqui no tema biocombustíveis gera uma repercussão enorme no mundo inteiro. Por esse motivo, não podemos ser inconsequentes. O aumento do teor de biodiesel deverá sempre caminhar alinhado com os distribuidores e demais agentes da cadeia. Princípios de qualidade e logística são bases fundamentais que sustentam esses programas. Percebendo isso, a Ubrabio retomou a discussão com o Sindicom para mitigar os problemas do biodiesel, sobretudo durante o inverno na Região Sul.

Estadistas visionários traçam metas que promovem o desenvolvimento de um país. Quando a sociedade está à altura dessas metas e seus agentes se reúnem para resolver as dificuldades de forma pró-ativa, o país torna-se uma grande potência. Essa realização pode vir a ser o maior golaço da Copa de 2014.

Donato Aranda é professor de engenharia química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e possui o título de comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico.