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A estratégia das usinas e o novo marco regulatório do biodiesel


Edição de Jun / Jul de 2011 - 25 jul 2011 - 06:06 - Última atualização em: 22 dez 2011 - 09:47

O setor produtivo anseia por uma mistura B20 em 2020, com um crescimento gradativo no uso obrigatório de biodiesel. Se esse pleito tiver sucesso, uma nova corrida por expansão industrial seria desencadeada, garantindo desenvolvimento para o país.

Este é um dos muitos benefícios de um novo marco regulatório, que vão muito além das evidentes externalidades positivas oriundas deste combustível renovável, mas há um outro lado da questão. Para esta discussão avançar, os problemas precisam se aproximar de uma solução, porém as usinas, talvez as maiores interessadas, parecem trabalhar no sentido oposto. A série de reuniões iniciada pela Casa Civil com diversos segmentos do mercado de biodiesel, por iniciativa da própria instituição, propiciou um ambiente ideal para as discussões em torno do novo marco legal. Mas o que se viu foi uma mudança de foco, graças às divergências internas dentro da associação que representa o setor produtivo.

A Ubrabio sofreu nos últimos anos com a falta de profissionalização de sua estrutura. Aqueles que vinham acompanhando de perto o trabalho da entidade sabiam que a necessidade de reestruturação estava latente. Agora, depois de sofrer um esvaziamento, a associação decidiu se reorganizar, mas ainda não está claro o grau de comprometimento com as mudanças.

Se não houver alteração na forma que as usinas atuam, o marco regulatório do biodiesel pode não vir nem em 2012. Os últimos quatro leilões mostram bem o grau de insegurança e ineficiência que está vigorando no setor. Nestas disputas, o preço variou entre alto e muito baixo, em comparação com o preço do óleo de soja. Quando o preço foi baixo, o abastecimento teve problemas e entraram em cena os leilões de estoque. Quando o preço foi alto, a falta de oferta durante o leilão constrangeu.

Esta situação é, em certa medida, responsabilidade do próprio governo, que, temendo uma competição predatória, evita medidas enérgicas para garantir a disputa. Isso facilita os pequenos deságios e, com a margem gerada nesses certames, algumas usinas têm condições de depreciar significativamente o valor do biodiesel na concorrência seguinte.

Este é um dos problemas que, além de atrasar o marco regulatório, pode um dia atormentar as usinas. Mas temos outros igualmente graves, que não são colocados na agenda de maneira inteligente, como o impacto inflacionário gerado pelo biodiesel, a (falta de) participação da agricultura familiar e a resistência fundamentada das distribuidoras. Já passou da hora do setor começar a discutir seu futuro seriamente.

Julio Cesar Simczak Vedana
Diretor de Redação