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Comercialização: Repercussão


Edição de Abr / Mai de 2011 - 31 mai 2011 - 13:53 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 10:31

Repercussão

Sem saber exatamente quais os planos do governo federal para os leilões daqui para diante, o mercado de biodiesel ainda não comenta com muita certeza as possibilidades. Mas há opiniões tanto a favor como contra a implantação do preço variável, caso ela venha mesmo a ocorrer. Por um lado, há quem defenda que isso é necessário para garantir mais tranquilidade ao produtor. Por outro, há quem acredite que o atual sistema é mais profissionalizado.

Francisco Lazor, integrante do conselho da usina Binatural e que também trabalha na União Corretora, é um dos que defendem a possível modificação. “Seria uma estratégia importante para mitigar os riscos atualmente existentes no negócio”, afirma. Segundo ele, é importante ressaltar que as usinas se comprometem por um preço que necessariamente vale por três meses – enquanto a commoditty que serve de matéria-prima para o produto tem variação de preço de hora em hora na bolsa de valores.

Na opinião de Lazor, o atual sistema acaba privilegiando indiretamente os grandes produtores, em detrimento dos pequenos. Isso porque uma usina que produz em larga escala consegue diluir qualquer mudança de preço mais facilmente no meio de todos os seus custos, enquanto para uma pequena usina o preço da matéria-prima não tem como ser compensado em outra ponta. Assim, o modelo em vigor “forçaria” os pequenos a ampliar seu negócio, sob o risco de não conseguirem se manter competitivos no mercado.

João Artur Manjabosco, gerente comercial de biodiesel da Camera, concorda com a opinião e se põe favorável a mudanças no atual sistema de leilões. “Há um certo tempo, nas reuniões de treinamento do leilão, comenta-se sobre uma nova ferramenta para os certames. Seria mais um belo avanço para o setor. Todos ganhariam.” Vários pontos poderiam entrar na “reforma”, de acordo com ele. Entre eles, Manjabosco cita: “trava de novos lances ao atingir o percentual máximo vigente (80%) de venda por usina; inexistência de lotes empatados; revelação imediatamente após o término do item; itens que não fiquem mudando de ordem quando vencedores (evitando lances errados); percentual máximo de variação no lance em relação à oferta vigente – para evitar lances inexequíveis”.

Especificamente sobre a criação de um preço variável, a Camera também se posiciona ao lado da mudança. “Quanto a um preço volátil conforme uma cesta de variáveis, desde que esta refletisse muito bem a volatilidade dos insumos de produção, parece uma alternativa interessante. No entanto, este assunto precisa ser amplamente discutido com todos os envolvidos através de suas entidades representativas para que nenhuma parte saia prejudicada”, afirma Manjabosco.

Já para o economista Daniel Furlan Amaral, da Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove), que ressalta não ter notícia de qualquer reforma no sistema de leilões e que analisou a ideia a pedido de BiodieselBR, já existem no mercado instrumentos financeiros que garantem maior previsibilidade de preços ao produtor, e é importante criar incentivos para que as indústrias acompanhem o mercado e saibam se prevenir contra possíveis problemas devido a flutuações de preços. “O preço da soja hoje é transparente. Hoje, na Bolsa de Chicago, você já consegue ver os preços de julho de 2012”, afirma ele. Nas empresas de maior porte, portanto, já haveria uma preocupação com o assunto e condições de prever, com bastante precisão, os movimentos das commodities no momento em que a venda é acertada com o governo. “Há como calcular o risco”, afirma.

As opiniões, por enquanto, tratam apenas das especulações sobre o que o governo poderá ou não fazer. Somente quando as modificações forem escolhidas e anunciadas o mercado poderá formar uma opinião mais sólida sobre o que irá acontecer com o setor. Se as novidades agradarão a todos, é algo igualmente difícil de prever.