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Bônus para o agricultor do selo social: conciliação


Edição de Dez 2010 / Jan 2011 - 15 dez 2010 - 10:57 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 11:16
Conciliação
Na verdade, a tese do MDA encontra acolhida até entre quem está do outro lado da mesa. O diretor comercial da Binatural, Roberto Pusch, reconhece que “historicamente o pequeno produtor é o lado mais fraco do ponto de vista comercial. As federações têm a obrigação de serem agressivas a favor dos agricultores. Elas merecem os parabéns por estarem fazendo seu trabalho direito e conseguindo resultados para os agricultores. As usinas é que muitas vezes não estão preparadas para negociar”, reconhece.

Pusch critica o desdém com o qual muitos empresários do segmento têm encarado o diálogo com as federações ou o MDA. Segundo ele, todos os anos as confederações e o MDA convidam os empresários do biodiesel a apresentarem suas sugestões para o modelo de contrato com os agricultores familiares, apenas para serem ignorados. “As federações não empurram nada goela abaixo. Se as usinas foram omissas, elas não podem reclamar do bônus que estão pagando”, explica.

Roberto não é o único do lado das usinas a caprichar no tom conciliador. O presidente da Cooperbio, João Luiz Pessa, acha que é preciso buscar a aproximação com a representação da agricultura familiar. “O confronto de classes não vai nos levar a lugar algum. O que precisamos é aumentar a sinergia para irmos para frente”, avalia.

Não significa que eles realmente apreciem o pagamento dos bônus. “Concordo que o bônus é um custo para o qual você não tem nenhum retorno; algo que você paga simplesmente para poder trabalhar. Mas o que poderia substituí-lo?”, questiona Pessa. “Conforme os sindicatos comecem a ver que a relação entre usinas e agricultores está dando certo, então pode ser que o bônus deixe de ser necessário, mas essa é uma relação que precisa ser construída”, completa.

A resposta para esse próximo passo talvez esteja com Pusch, que há pouco começou a circular uma proposta para que os bônus no Estado de Goiás – justo o Estado que tem o bônus mais caro, com 4,5% sobre o preço da soja e mais R$ 1 fixo por saca – seja substituído por um seguro de safra, que além de dar mais segurança aos agricultores também ajudaria a coibir fraudes na contratação da produção familiar. Segundo o executivo, a proposta foi bem recebida. “O bônus faz subentender que correrá tudo bem com a safra, mas quem é que garante que vai correr tudo bem? Em certo sentido, o seguro é melhor”, diz.

Do lado das federações, Antoninho Rovaris assegura que o apego ao bônus não é absoluto. “Eu acharia ótimo se a gente conseguisse assegurar fidelidade do produtor de soja vendendo a preços de mercado”, comenta, aproveitando para pontuar que não é do interesse da Contag prejudicar o setor de qualquer forma. “A gente acompanha de perto o mercado e tem todas as informações. Portanto, se ficar provado que estamos causando prejuízos teremos a sensibilidade de discutir”, apazigua.

Indicando os rumos desse novo tempo, o diretor industrial da Biopar garante que toda a negociação com a Coopafi e com a Fetraf-Sul – federação que deu sua anuência para o contrato com a Coopafi – transcorreu sem traumas: “Hoje o pessoal da federação até nos elogia”, diz o empresário, feliz por ter alcançado o difícil entendimento com os sindicalistas.