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Glicerina em alta


Edição de Dez 2010 - 15 dez 2010 - 10:19 - Última atualização em: 22 dez 2011 - 13:35
Alice Duarte, de Curitiba

Pesquisadores de todo país há tempos vêm tentando encontrar novas aplicações para os 267 milhões de litros de glicerina que a indústria de biodiesel deve gerar este ano. Por ter mercado restrito, o destino do co-produto muitas vezes é a exportação ou a queima. Mas os tempos difíceis de muita oferta e preços desvalorizados podem estar chegando ao fim. Recentemente foi divulgada uma aplicação para o produto que pode fazer todo esse volume sumir rapidamente do mercado e ainda melhorar a rentabilidade das usinas.

Há alguns meses o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autorizou o uso do produto como insumo para alimentação animal. Segundo os especialistas, a glicerina do biodiesel pode ser adicionada de forma segura em até 10% na dieta de ruminantes e não-ruminantes, desde que tenha um padrão mínimo de qualidade.

De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), a produção brasileira estimada para este ano é de 62 milhões de toneladas de ração. Se todo o volume do co-produto gerado pelas usinas de biodiesel fosse destinado à alimentação animal, a adição seria de apenas 0,3% no total de rações, ou então 0,7% na alimentação de frangos ou 1,2% de suínos.

Mas há limitações para o uso. De acordo com o Mapa, os teores de sódio, de umidade e de contaminantes (como metanol) devem ser monitorados para não prejudicar a saúde do animal. Por enquanto, o ministério está barrando o uso da glicerina proveniente do biodiesel de sebo bovino, de pinhão-manso e de mamona. O problema das duas oleaginosas é a toxidade; já o co-produto gerado com sebo bovino, a princípio, não seria indicado para ruminantes. O governo está aguardando um parecer mais detalhado com a avaliação de risco do Departamento de Sanidade Animal para liberar ou não a glicerina produzida com essas fontes.

A autorização chegou em boa hora para o setor, principalmente diante da possibilidade de aumento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, que poderá dobrar a geração de glicerina em poucos anos.