Por Miguel Angelo Vedana
Cargill está chegando
Há tempos se espera a entrada da Cargill no setor de biodiesel brasileiro. Desde o começo do programa de biodiesel há rumores sobre uma usina da empresa. Boatos que desaparecem tão rápido quanto surgem. Dessa vez, o rumor ganhou corpo. A Cargill esteve procurando empresas de consultoria para a estruturação de seu negócio de biodiesel no Brasil. O local da fábrica seria em Três Lagoas, cidade do Mato Grosso do Sul que faz divisa com São Paulo. O início da produção de biodiesel está programado para 2012. Vai ficar faltando a Bunge.
Usinas divididas
Uma divisão que sempre existiu entre os produtores de biodiesel está ficando maior. O agravamento do distanciamento de interesses é resultado do último leilão. O preço baixo causado pelo apetite inédito das grandes usinas fez com que a produção de biodiesel ficasse inviável para algumas das outras. Até aí nenhum problema, pois ganhou quem foi mais competitivo. A questão central da discussão está no modelo atual do PNPB, que não dá espaço para culturas alternativas à soja. Essas oleaginosas, no médio prazo, são mais caras que a soja, mas podem se tornar mais baratas em alguns anos. Algumas usinas querem que, antes de aumentar a mistura de biodiesel, essa questão seja solucionada. Na visão delas, aumentar a mistura agora é aumentar a dependência de uma fonte de energia sujeita às oscilações de uma commodity internacional. O governo deve se posicionar em breve sobre a questão.
2º turno bem-vindo
Tem usina de biodiesel aliviada com a definição do próximo presidente do país prorrogada para o segundo turno. Não que a empresa esteja torcendo para um ou para outro cadidato. A razão do alívio não é política, mas social, ou melhor, o selo Combustível Social. Como se sabe, o MDA marcou para setembro a publicação da perda do selo das usinas que não atenderam os requisitos no ano de 2009 (e alguns casos de 2008). Contudo, percebeu-se que a retirada do selo de três ou quatro usinas poderia representar um fato negativo para o governo e que a solução seria adiar a divulgação para depois do pleito. Com a necessidade do segundo turno, o que era para acontecer em outubro ficou para novembro, dando às usinas mais um mês de entregas de biodiesel com selo.
Não deixem passar de novembro
As usinas que perderão o selo devem torcer para o MDA publicar os nomes em meados de novembro, e não depois. Pode parecer estranho querer perder o selo antes, mas é melhor para elas. No final de novembro ocorre o leilão de compra de biodiesel para o primeiro trimestre do ano seguinte. Se a usina ficar sem o selo antes desse leilão, não venderá biodiesel no lote maior (exclusivo para quem tem selo) e poderá concentrar as vendas no segundo lote. E, mais importante, no ano seguinte já terá o selo para participar do último leilão do ano. Essa é a melhor situação. Na pior das hipóteses, a usina perde o selo no começo de dezembro, fica impedida de entregar o que vender no próximo leilão e não pode participar do lote maior no leilão de novembro do ano seguinte. Pena de um ano e quatro meses, quando deveria ser de no máximo um ano. Realmente já passou da hora de mudar toda a normativa do selo.