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Afinal, vale a pena usar 100% de biodiesel?


Edição de Ago / Set de 2010 - 15 ago 2010 - 11:39 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 11:49
Afinal, vale a pena?
Mensurar os ganhos do uso de biodiesel no transporte urbano não é tarefa fácil. Isto porque, segundo o professor Ramos, “nossa sociedade não aprendeu a precificar os ganhos ambientais”. Ou seja, avaliar qual o tamanho do benefício da redução da emissão de gases poluentes em nossa atmosfera é muito mais complicado do que a operação que leva em conta apenas os custos do preço do combustível e da manutenção adicional que requer a operação com o B100.

No caso da experiência de Curitiba, a operação com o biodiesel puro mostrou-se mais dispendiosa do que a operação com o diesel convencional. Para que este projeto se tornasse viável, foi preciso que cada um dos seus parceiros contribuísse de alguma forma para sua viabilidade. As empresas permissionárias, por exemplo, arcaram com a adaptação de suas garagens, com a construção de um tanque e uma bomba exclusiva para abastecer os veículos com B100. As montadoras mantiveram as garantias nos motores e cuidaram das trocas de peças. A empresa BSBios forneceu o combustível a um preço mais acessível. Segundo o coordenador do projeto de uso de biocombustíveis da Urbs, Élcio Karas, a empresa entrega o B100 a um preço de R$ 2,20 o litro. A diferença entre o custo deste combustível e o preço do diesel mineral, que gira em torno de R$ 1,75 na capital paranaense, é subsidiado pela prefeitura.

“Não tenho duvida de que é preciso pagar mais pelo biodiesel, mas quem tem que pagar esta diferença não é o consumidor e sim o governo”, afirma o professor Ramos. A lógica desta equação reside no fato de que com a redução das emissões tóxicas dos automóveis haveria menos doenças respiratórias e conseqüentemente mais economia para a saúde pública e para a previdência social.

A relação entre emissões automotivas e doenças respiratórias já foi mais do que comprovada pela literatura científica. Em Curitiba, a Secretaria Municipal de Saúde informa que está iniciando o cruzamento entre os dados de poluição atmosférica apurados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a demanda por serviços municipais de saúde motivada por queixas do aparelho respiratório. Até o momento, sabe-se que estas queixas foram responsáveis por 17,87% do total de atendimentos realizados em 2008.

Na opinião do professor Ramos, a compensação pelos benefícios de um combustível menos poluente poderia ser feito através da isenção de impostos e também de outras políticas que possibilitassem a redução do preço do biodiesel. Para ele, um mercado aberto poderia ser a solução para este impasse, além de ampliar os horizontes do uso deste combustível.