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As entidades representativas e as propostas aos candidatos a presidente


BiodieselBR.com - 11 ago 2010 - 13:54 - Última atualização em: 20 jan 2012 - 10:14
Fábio Rodrigues, de São Paulo

Os empresários e representantes do setor de biodiesel no Brasil estão bastante confiantes com a eleição de outubro deste ano. Acreditam que, haja o que houver, o programa de biodiesel será mantido e terá evoluções. A opinião geral é de que, embora tenha começado como um projeto do governo Lula, o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) já está consolidado o bastante para impor sua continuidade, a despeito do nome que saia consagrado das urnas em outubro.

Na opinião do presidente do conselho superior da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Juan Diego Ferrés, o período de seis anos passados desde o lançamento do PNPB foi suficiente para que ele deixasse de ser um programa de governo para se tornar um programa do Estado brasileiro. “A posição da Ubrabio é que o programa do biodiesel já passou do ponto de retorno e que não existe mais o perigo de uma volta ao passado; nós já conseguimos demonstrar uma contribuição muito significativa para o crescimento do país. Acreditamos que exista uma forte tendência de que o PNPB seja absorvido pelo próximo governo”, avalia.

O diretor superintendente da BSBios, Erasmo Carlos Battistella, também não parece ter dúvidas de que o biodiesel esteja consolidado, e lembra que o PNPB conta, inclusive, com o respaldo da lei 11.097/05, que regulamentou a entrada do biodiesel na matriz energética brasileira. “Pessoalmente, não estou preocupado”, garante.

Battistella até se arrisca a afirmar que o futuro governo – seja capitaneado por quem for – “vai investir bastante no biodiesel”. Para justificar tanto otimismo, ele lembra que o crescimento das energias renováveis tem sido o “mote de uma grande transformação em nível global” e que essa é uma grande oportunidade de negócios em aberto para o país. “O Brasil já tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e pode ganhar muito dinheiro exportando isso”, arremata.

Interlocução
Mesmo olhando para o futuro com confiança, a Ubrabio está disposta a fazer sua voz ouvida pelo futuro presidente – ou presidenta, já que há duas candidatas na disputa – do Brasil. A entidade está trabalhando numa carta com suas propostas para o futuro do PNPB. O documento deve ser entregue pessoalmente por representantes da organização a cada um dos candidatos à presidência. “Nós ainda estamos formatando esse documento e devemos estar com ele pronto em junho”, conta o presidente do conselho.

Embora a carta ainda esteja sendo debatida internamente, a Ubrabio não faz lá muito mistério de que sua maior preocupação é o nível elevado de ociosidade das indústrias de biodiesel. Em 5 de maio passado, Ferrés assinou um artigo no diário Valor Econômico que dava algumas pistas dos desejos do setor, tais como a evolução para o B10 através de incrementos trimestrais de 1% e a adoção do B20 Metropolitano. O artigo, no entanto, causou mal estar dentro do governo por apoiar a dominância da soja no setor de biodiesel, quando o governo claramente busca diversificar as fontes de matéria-prima do biocombustível. Ferrés também é presidente da Granol, empresa que tem a soja como principal negócio.

“Nós temos defendido propostas para um novo marco regulatório do biodiesel ainda no atual governo. Defendemos a progressão para o B10, com uma progressão rumo ao B6 já no segundo semestre. Também propomos a unificação entre as agendas do B20 Metropolitano e do Conama para a redução dos teores de enxofre no diesel para o S10 até 2013. A Ubrabio acha que o ideal seria conciliar essas duas agendas”, comenta Ferrés.

Professor titular da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Luiz Augusto Horta critica propostas centradas exclusivamente nos aumentos da mistura obrigatória. “Em seu formato atual, o PNPB é dependente de mecanismos de proteção e das garantias da mistura obrigatória. Isso não induz esse programa na direção da sustentabilidade”, critica, acrescentando que, embora esteja seguro de que o PNPB não deva regredir no próximo governo, ele gostaria que o programa passasse por uma boa revisão de seus fundamentos. “Não é só aumentar a porcentagem da mistura para fazer com que o PNPB entre nos trilhos. Seja lá quem assumir o governo, seria interessante que os fundamentos do programa fossem revistos – principalmente no caso do Selo Social e das matérias- -primas que serão privilegiadas – para que os aumentos tenham consistência técnica, científica, econômica e ambiental”, completa.

Recorrendo ao mais puro bom senso, Battistella recomenda que os produtores mantenham a tranqüilidade durante a disputa eleitoral e continuem trabalhando para aumentar sua capacidade produtiva e viabilizar as oleaginosas alternativas porque, no final, é isso que conta. “Não somos mais um setor que está apenas em projeto. Somos um setor econômico importante, que gera empregos e produz riquezas. Seja lá quem vencer, nossas entidades representativas serão chamadas para conversar”, garante.
Tags: Eleições