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Ainda acredito nas pequenas usinas


BiodieselBR.com - 05 jun 2010 - 09:40 - Última atualização em: 19 dez 2011 - 17:05

No último leilão de biodiesel realizado no início de março podemos notar que a participação das pequenas usinas foi de apenas 3,18% de todo o volume homologado. Foram apenas 16,7 milhões de litros dos 525,5 milhões de litros homologados até o momento. E além de venderem pouco, venderam mal, pois tiveram o menor preço médio do leilão.

Esse resultado ruim para as pequenas usinas se deve à forma como o leilão foi realizado, já que limitou a possibilidade de oferta das pequenas usinas a uma quantidade de biodiesel inferior à dos últimos leilões. Nos próximos certames a situação deve ser ainda pior, pois duas usinas da Ecodiesel, mais a CLV e possivelmente a Agrenco também estarão disputando apenas o lote que não exige o selo. Em suma, o futuro das pequenas usinas pode não ser nada bom.

Por mais eficiente e bem administrada que seja uma pequena usina, ela sempre terá um custo de produção maior que os grandes. O ganho de escala na produção de combustíveis é inegável. Por esse motivo, um leilão com uma oferta um pouco maior que o último acabaria deixando as pequenas de fora. Foi isso que ocorreu no 13º leilão da ANP.

Mesmo acreditando que, cada vez mais, os leilões de biodiesel serão um lugar apenas para as grandes usinas, ainda vejo lugar para as pequenas unidades no futuro deste setor. A permanência delas depende de localização, mercado livre e integração.

Uma das primeiras conclusões que tirei quando comecei a trabalhar com biodiesel em 2002 foi que a produção brasileira seguiria dois caminhos: grandes usinas para abastecer os grandes centros consumidores e pequenas usinas regionais para atender a demanda local. No atual sistema de comércio, as pequenas funcionam como as grandes, mandando o produto para longe do local de produção. Isso só acontece porque não são as usinas que pagam o frete, o que torna a localização irrelevante.

Em um mercado livre, a localização das usinas passará a ser importante, e uma usina pequena poderá compensar a desvantagem no custo de produção com o diferencial logístico.

Outro caminho para elas se dará através da integração. As pequenas usinas deverão se unir ou se associar com outras que tenham um negócio complementar. Um exemplo é o projeto da Copel, de uma usina de apenas 5 mil litros por dia, que inicialmente fará biodiesel utilizando o óleo de uma extração mecânica de 40 toneladas de soja por dia. A torta de soja resultante dessa extração e mais cerca de 200 toneladas de milho por dia serão transformadas em ração para atender os pequenos produtores da região. Nesse projeto, a fábrica de ração é o que dará suporte econômico ao projeto e viabilizará a produção de biodiesel. E toda a produção será destinada para consumo entre os pequenos produtores integrados.

As pequenas usinas devem começar a repensar sua posição dentro do setor. Não haverá mais a facilidade de vender biodiesel nos leilões da ANP, e novas formas de comercializar a produção precisam ser encontradas. Acredito que o mercado livre será um aliado das que estiverem bem localizadas. Assim como será o vilão das demais.

Univaldo Vedana é analista do setor de biodiesel.