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Coluna: US$ 1 bilhão para pesquisa no Brasil


BiodieselBR.com - 21 dez 2007 - 14:02 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:10


Ao final de 2009, a Petrobras comemora três anos do projeto Redes Temáticas. De 2006 até o fim de 2009, a empresa terá investido R$ 1,8 bilhão em instituições brasileiras de pesquisa e desenvolvimento (sem contar com o Centro de Pesquisa da Petrobras, o Cenpes). Estamos falando de mais de 1 bilhão de dólares em três anos para o setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis. São mais de 40 redes, com vários links com os biocombustíveis, como “Desenvolvimento de Tecnologias para Combustíveis Limpos”, “Pesquisa em Bioprodutos”, “Desenvolvimento de Catálise”, entre outros*. No laboratório que coordeno na UFRJ, estamos recebendo mais de R$ 30 milhões nesse período. Construímos um prédio novo (com área de 2.500 m2), denominado Procat. Trata-se de uma estrutura sem igual nas universidades brasileiras, americanas ou mesmo européias. Podemos preparar qualquer tipo de catalisador heterogêneo aplicado ao refino de petróleo, petroquímica, biocombustíveis, qualquer catalisador em pó, extrudado, peletizado, como quiser. A capacidade média é de 100 kg/dia. Com duas semanas de produção podemos preparar catalisador para qualquer teste em refinaria de petróleo no Brasil. Temos um conjunto de spray-driers, calcinadores, reatores, extrusoras, entre outros equipamentos de produção e teste catalítico. Fora um conjunto de equipamentos de última geração para caracterização de catalisadores. A obra está quase pronta e pode ser vista em www.poyry-procat.blogspot. com. Uma belíssima obra feita pelas empresas paulistas Pöyry e Serpal, em tempo recorde: menos de um ano. Destaque para o teto de aço que simula a nanoestrutura de uma zeólita. Não vai faltar inspiração para nosso grupo de cientistas desenvolver novos materiais avançados que fazem toda a diferença nas reações químicas e nos processos industriais. Os recursos vêm da lei dos royalties do petróleo. A Petrobras, por exemplo, tem que investir 0,5% em pesquisas nas universidades e institutos de pesquisa. As demais empresas de petróleo possuem a mesma obrigação. A ANP autoriza os projetos e acompanha os gastos com rigor. A estrutura gerada é 100% propriedade das universidades e demais instituições. Existem recursos para infraestrutura, recursos humanos e P&D. O montante de investimentos citado é superior aos recursos para pesquisa científica de muitos países desenvolvidos. A boa notícia é que o Procat/UFRJ não é um caso isolado. Existem muitos outros laboratórios sendo apoiados no Brasil com esses recursos. Certamente, nós cientistas não podemos mais reclamar de falta de recursos para pesquisa. Chegou a nossa vez de retribuir à sociedade os recursos investidos nos nossos laboratórios. O grande desafio é gerar mais do que papers científicos ou teses. Está na hora de gerarmos as tecnologias sustentáveis que vão propiciar empregos e riquezas para o país.

* Saiba mais em: http://3.ly/petrobras

Donato Aranda é professor de engenharia química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e possui o título de comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico.