Retrospectiva 2009: Dependência e leilões
Dependência
Outra boa notícia do ano foi a presença de alguns indícios de que o país pode estar caminhando para reduzir a sua dependência em relação ao biodiesel de soja. Hoje, cerca de 80% do combustível verde misturado ao diesel mineral no país vem do esmagamento de soja. A segunda grande fonte de matéria-prima continua sendo o sebo bovino. Juntas, as duas fontes quase somam 100% atualmente. As outras culturas têm caráter auxiliar, e isso precisa mudar.
Neste ano veio o anúncio de que o governo vai criar uma política específica para o dendê, uma planta que tem imenso potencial produtivo e que ainda não entrou no cardápio do biodiesel brasileiro. “O fato é que o Brasil não tem como chegar ao B10, por exemplo, ou ir mais além, só com a soja. E a aposta em outras culturas é necessária. O dendê é uma delas”, afirma Fábio Trigueirinho, da Abiove.
A aposta no pinhão-manso, que sempre pareceu uma das grandes perspectivas para o programa brasileiro, também ganhou força com o primeiro esmagamento comercial da oleaginosa no país. A empresa mineira Fusermann foi a responsável pela novidade, em outubro. Mesmo assim, o tempo necessário para domesticá-la e uma série de doenças na planta, entre outros problemas, vêm impedindo a sua consolidação no país. Já a mamona parece ter se distanciado ainda mais da promessa inicial de se tornar uma matéria-prima viável.
Logística
Enquanto isso, no Centro-Oeste e no Sul do país, que neste ano continuaram dominando os investimentos em ampliações e em novas usinas, a soja cresce a olhos vistos. A concentração nessas duas regiões, que são justamente as maiores produtoras de soja, segue a lógica de colocar a matéria-prima ao alcance das usinas, o que facilita em parte a logística do processo. Mas, e quando chega a hora de entregar o combustível nas bombas? Aí, a logística continua sendo um problema a ser resolvido.
“Essas duas regiões [Sul e Centro-Oeste] não são as de maior consumo. Portanto, o produto originado nessas regiões tem que ser levado para o Sudeste, região onde está o grande consumo, e para o Norte, onde também há carência de produtores”, opina Fábio Bittencourt, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom).
Para Bittencourt, embora as empresas de distribuição estejam acompanhando o desenvolvimento do mercado de biodiesel no Brasil, dizer que está tudo pronto para o B5 “seria muita pretensão”. “Logística ainda é um grande desafio para os biocombutíveis e para toda a indústria. Nosso país tem dimensões continentais e com características regionais bastante distintas. Além disso, a logística do biodiesel é 100% dependente do transporte rodoviário”, comenta.
Leilões
Ainda outra boa notícia do ano: ao contrário do que ocorreu em 2008, desta vez quase não houve registros de empresas que ficaram sem entregar o biodiesel vendido nos leilões. A expectativa do governo federal, segundo o MME, é de que o país encerre o período com 98% ou 99% de contratos honrados. Um avanço significativo, que mostra o amadurecimento do mercado.
Os leilões, aliás, estiveram no centro de uma das polêmicas mais importantes do ano. Especialmente o 13º leilão, que marcou a entrada com força da Petrobras Biocombustível (PBio) no mercado. Os preços oferecidos pela gigante estatal (o mais baixo foi de R$ 1,70 por litro e o preço médio ficou em R$1,81) desagradaram 10 em cada 10 concorrentes. Houve até mesmo acusação de dumping contra a empresa. Mas nos leilões seguintes a situação não se repetiu, e a ação parece ter sido apenas despreparo da então novata PBio.
O governo federal entrou rapidamente em cena para desmentir que a Petrobras fosse prejudicar a concorrência. Garantiu que se tratava apenas de mais um agente no mercado e que a competição se daria de igual para igual, assim como ocorre nas outras áreas em que a empresa atua, como o etanol.
“A Petrobras Biocombustível não tem por propósito afastar a concorrência, mas contribuir para atender aos princípios básicos do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, que é promover a inclusão social e a redução de disparidades regionais”, argumenta José Honório Accarini, da Casa Civil.
De todo modo, os leilões continuaram mostrando a força das empresas brasileiras, que conseguiram dar conta da demanda. Os deságios, como regra, acabaram sendo pequenos, e depois do polêmico 13º leilão, a calma voltou às negociações no 14º e 15º leilões, atingindo o menor deságio no 16º leilão, com apenas 1%. Os leilões têm mostrado que quanto menor o deságio, menor é a distancia entre a oferta e a demanda.
Outra boa notícia do ano foi a presença de alguns indícios de que o país pode estar caminhando para reduzir a sua dependência em relação ao biodiesel de soja. Hoje, cerca de 80% do combustível verde misturado ao diesel mineral no país vem do esmagamento de soja. A segunda grande fonte de matéria-prima continua sendo o sebo bovino. Juntas, as duas fontes quase somam 100% atualmente. As outras culturas têm caráter auxiliar, e isso precisa mudar.
Neste ano veio o anúncio de que o governo vai criar uma política específica para o dendê, uma planta que tem imenso potencial produtivo e que ainda não entrou no cardápio do biodiesel brasileiro. “O fato é que o Brasil não tem como chegar ao B10, por exemplo, ou ir mais além, só com a soja. E a aposta em outras culturas é necessária. O dendê é uma delas”, afirma Fábio Trigueirinho, da Abiove.
A aposta no pinhão-manso, que sempre pareceu uma das grandes perspectivas para o programa brasileiro, também ganhou força com o primeiro esmagamento comercial da oleaginosa no país. A empresa mineira Fusermann foi a responsável pela novidade, em outubro. Mesmo assim, o tempo necessário para domesticá-la e uma série de doenças na planta, entre outros problemas, vêm impedindo a sua consolidação no país. Já a mamona parece ter se distanciado ainda mais da promessa inicial de se tornar uma matéria-prima viável.
Logística
Enquanto isso, no Centro-Oeste e no Sul do país, que neste ano continuaram dominando os investimentos em ampliações e em novas usinas, a soja cresce a olhos vistos. A concentração nessas duas regiões, que são justamente as maiores produtoras de soja, segue a lógica de colocar a matéria-prima ao alcance das usinas, o que facilita em parte a logística do processo. Mas, e quando chega a hora de entregar o combustível nas bombas? Aí, a logística continua sendo um problema a ser resolvido.
“Essas duas regiões [Sul e Centro-Oeste] não são as de maior consumo. Portanto, o produto originado nessas regiões tem que ser levado para o Sudeste, região onde está o grande consumo, e para o Norte, onde também há carência de produtores”, opina Fábio Bittencourt, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom).
Para Bittencourt, embora as empresas de distribuição estejam acompanhando o desenvolvimento do mercado de biodiesel no Brasil, dizer que está tudo pronto para o B5 “seria muita pretensão”. “Logística ainda é um grande desafio para os biocombutíveis e para toda a indústria. Nosso país tem dimensões continentais e com características regionais bastante distintas. Além disso, a logística do biodiesel é 100% dependente do transporte rodoviário”, comenta.
Leilões
Ainda outra boa notícia do ano: ao contrário do que ocorreu em 2008, desta vez quase não houve registros de empresas que ficaram sem entregar o biodiesel vendido nos leilões. A expectativa do governo federal, segundo o MME, é de que o país encerre o período com 98% ou 99% de contratos honrados. Um avanço significativo, que mostra o amadurecimento do mercado.
Os leilões, aliás, estiveram no centro de uma das polêmicas mais importantes do ano. Especialmente o 13º leilão, que marcou a entrada com força da Petrobras Biocombustível (PBio) no mercado. Os preços oferecidos pela gigante estatal (o mais baixo foi de R$ 1,70 por litro e o preço médio ficou em R$1,81) desagradaram 10 em cada 10 concorrentes. Houve até mesmo acusação de dumping contra a empresa. Mas nos leilões seguintes a situação não se repetiu, e a ação parece ter sido apenas despreparo da então novata PBio.
O governo federal entrou rapidamente em cena para desmentir que a Petrobras fosse prejudicar a concorrência. Garantiu que se tratava apenas de mais um agente no mercado e que a competição se daria de igual para igual, assim como ocorre nas outras áreas em que a empresa atua, como o etanol.
“A Petrobras Biocombustível não tem por propósito afastar a concorrência, mas contribuir para atender aos princípios básicos do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, que é promover a inclusão social e a redução de disparidades regionais”, argumenta José Honório Accarini, da Casa Civil.
De todo modo, os leilões continuaram mostrando a força das empresas brasileiras, que conseguiram dar conta da demanda. Os deságios, como regra, acabaram sendo pequenos, e depois do polêmico 13º leilão, a calma voltou às negociações no 14º e 15º leilões, atingindo o menor deságio no 16º leilão, com apenas 1%. Os leilões têm mostrado que quanto menor o deságio, menor é a distancia entre a oferta e a demanda.