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Distribuição: Freio para o B5?


BiodieselBR.com - 26 nov 2009 - 14:59 - Última atualização em: 20 jan 2012 - 11:19
Descaso e escassez de recursos públicos para melhorias em infraestrutura logística podem ameaçar ritmo de expansão do biodiesel

Roberto Tenório, de São Paulo


Enquanto o mundo ainda busca soluções para escapar da crise que fez as maiores potências econômicas derraparem na curva do neoliberalismo, o governo brasileiro acelera para tentar se consolidar como potência mundial no fornecimento de energias alternativas, mas ainda não apresenta soluções para alguns obstáculos bastante conhecidos no país.

Se a expansão do setor de biodiesel continuar nesse ritmo, pode esbarrar em sérios problemas de infra-estrutura, principalmente no que diz respeito a opções logísticas e matérias-primas alternativas à soja. A oleaginosa, muito sensível a variações do mercado, pode se tornar inviável diante de uma nova disparada dos preços e existe o risco de faltar óleo de soja no mercado nos próximos meses no Brasil. A solução para mitigar esses problemas no longo prazo, de acordo com especialistas, seria viabilizar outras fontes para extração do óleo e discutir novas formas de aumentar a concorrência e a eficiência no setor, além de investimentos em rodovias, ferrovias, hidrovias e novos dutos. A ampliação desse leque de opções também ajudaria a diminuir a concorrência entre etanol e biodiesel no que diz respeito à oferta de caminhões para coleta, principalmente na região Sudeste, a que mais demanda combustível em todo o país. Representantes das distribuidoras alertam que as estradas em péssimas condições e a falta de alternativas eficazes no modal de transporte, como ferrovias, hidrovias e dutos, podem aumentar as dificuldades de transporte se a mistura atingir patamares maiores que os 5%. Contudo, de acordo com informações do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), toda a base dos terminais de carga estava preparada desde o lançamento do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) para entregar o B5. A partir do próximo ano o volume de biodiesel transportado deve saltar dos 1,4 bilhão de litros estimados em 2009 para cerca de 2 bilhões de litros, levando- se em consideração o consumo anual de 40 bilhões de litros de diesel derivado do petróleo. “Claro que isso demanda novos investimentos”, diz Fábio Marcondes, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicom. Ainda não há nenhuma estatística que calcule o investimento necessário em distribuição para cada ponto percentual adicionado na mistura.

A assessoria do Ministério de Minas e Energia, responsável pelo funcionamento do PNPB, afirma que já foi encomendado um relatório para avaliar qual o impacto que a medida trará ao mercado. Contudo, a previsão é que o estudo fique pronto a partir de meados de outubro deste ano. Dessa maneira, o mês para a entrada em vigor do B5 só deverá ser definido após reunião do Conselho Nacional de Política Energética, em data ainda não definida.

Embora a legislação brasileira permita atualmente no máximo 5% de mistura de biodiesel no diesel, a tendência é que com a entrada em vigor de novas regras globais para o controle de poluentes, esse índice cresça. Marcondes, do Sindicom, observa que nos países da União Européia os motores movidos a diesel terão que atender as normas da Euro 5 a partir de 2011. Estas novas regras prevêem a redução de 80% na emissão de gases em comparação às antigas, ou seja, 500 mg/km de monóxido de carbono (CO) e 180 mg/km de óxidos de nitrogênio (NOx), o que significa maior demanda por combustível vegetal.