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Soja: Cotações e oferta


BiodieselBR.com - 01 set 2007 - 13:26 - Última atualização em: 20 jan 2012 - 11:40
Cotações
No mercado internacional, a oleaginosa tem seu preço baseado na Bolsa de Chicago. Em junho, a tonelada de soja em grão foi comercializada a US$ 443, valor mais alto desde agosto de 2008, quando a tonelada valia US$ 471. No segundo semestre do ano passado, os preços das commodities em geral sofreram uma forte queda devido à crise financeira internacional. Em novembro, a tonelada do grão chegou a valer US$ 323,24 na Bolsa de Chicago. Desde então, os preços não pararam de subir. No mercado interno, há quatro cotações diferentes: Rondonópolis (MT), Maringá (PR), Passo Fundo (RS) e Mogiana (SP). Em Rondonópolis, onde os preços são tradicionalmente mais baixos, a saca do grão de soja foi comercializada a R$ 44 em junho. Uma análise da série histórica de preços mostra que, em três anos, o aumento foi de 93%. A tendência de alta é verificada nas quatro cotações existentes no mercado interno.

Com o óleo de soja bruto degomado, que é o que mais interessa aos produtores de biodiesel, a tendência de alta não é diferente. Valendo US$ 827 na Bolsa de Chicago em junho, o incremento do preço em três anos foi de 50,6%, segundo dados da Abiove. No mercado interno, o óleo foi vendido a US$ 819/t em junho (posto Paranaguá), contra US$ 653/t em junho de 2008.

Os analistas não se arriscam em fazer projeções de preços para o segundo semestre, mas são unânimes em afirmar que a tendência é mesmo de valores mais altos. Nas safras recentes, isso só não ocorreu em 2008, um ano atípico em função da crise financeira. Em 2009, com a recuperação da economia, principalmente da brasileira, a expectativa é que o mercado volte aos padrões tradicionais. “Nos últimos meses do ano, o Brasil exporta mais farelo e óleo do que propriamente grão”, afirma Cachia.

Oferta
O aumento de preços deve ocorrer para, de certa forma, racionar a oferta, já que a previsão é de estoques menores. Para não deixar a fábrica parada por falta de matéria-prima, a indústria acaba sendo forçada a pagar acima do valor de mercado. Sobre a possibilidade de faltar soja para o mercado interno, as opiniões são divergentes. “No curto prazo, pode haver alguns problemas”, admite Marques, da Conab. “Mas em médio e longo prazos, espera-se uma boa safra americana”, ressalva. Já para Trigueirinho, da Abiove, a indústria deve enfrentar algumas dificuldades: “Haverá, sem dúvida, menor disponibilidade para processamento”. Cachia, da Cerealpar, também segue o mesmo raciocínio. “O segundo semestre de 2009 será de aperto”, diz. Há quem acredite que a situação pode ser mais grave do que um “aperto”. “No Paraná, em Minas Gerais, em São Paulo e em Goiás pode faltar um pouco de soja no final do ano”, analisa Baraldi, da Soma Corretora. Mato Grosso e Rio Grande do Sul são duas exceções, segundo ele.

Em função da entrada da safra americana, tudo indica que setembro será um mês crucial para toda a cadeia da soja, especialmente para a produção de biodiesel, a qual ainda é muito dependente da oleaginosa. Enquanto que no Brasil o período da safra começa em fevereiro e termina em janeiro do ano seguinte, nos Estados Unidos ela começa em setembro e termina em agosto. “A safra americana dá a direção dos preços da commodity”, explica Cachia, da Cerealpar. Por isso, analistas acreditam que, se os Estados Unidos não sofrerem com problemas climáticos, não há motivo para preocupação no Brasil. “Há muita especulação no mercado antes da safra americana propriamente dita”, explica Marques, da Conab.

Cachia vê dois cenários diferentes para os próximos meses. “O ano de 2009 será de aperto, sem dúvidas, mas Brasil e Argentina devem aumentar a área plantada na próxima safra. Se não tivermos problemas climáticos, o quadro de oferta em 2010 pode ser de bastante abundância”, prevê. Segundo o governo americano, se tudo correr bem, a expectativa é de que a produção dos Estados Unidos passe de 81 para 87 milhões de toneladas; do Brasil, de 57 para 60 milhões de toneladas; e da Argentina, de 32 para 51 milhões de toneladas (veja gráfico).

Se as previsões se concretizarem, 2010 realmente será um ano muito melhor para toda a cadeia do biodiesel. Até lá, será preciso mais cautela na compra de óleo, já que a oferta será reduzida e os preços estarão mais altos. De resto, é só torcer para que a safra americana não sofra as intempéries climáticas que abalaram as safras sulamericanas nos últimos meses.