Etanol: Pesquisas
Pesquisas
Embora tenha sido tímido até o momento em relação à questão fiscal, que poderia virar de vez o jogo do biodiesel a favor do etanol, o governo brasileiro tem sido importante em outra parte da disputa, que não deixa de ser igualmente relevante. Por meio de suas agências de fomento, o governo federal tem incentivado cientistas de todo o país a achar soluções que facilitem o uso do etanol na produção de biodiesel.
Um caso em que isso vem ocorrendo muito clara e consistentemente é no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). No segundo semestre do ano passado, por exemplo, foi aberto um edital que liberou R$ 8 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico exclusivamente para pesquisas que desenvolvam processos de obtenção de biodiesel via rota etílica.
Não houve falta de interessados. No total, 85 grupos de pesquisa do país todo levaram suas idéias para o julgamento do CNPq. Desses, 35 foram considerados aprovados e 20 já estão recebendo recursos para levar adiante os seus trabalhos. Cada grupo terá à sua disposição R$ 400 mil e deverá apresentar os resultados finais ao conselho dentro de 24 meses – prazo que se encerra no fim de 2010.
“A maior parte dos projetos apresenta unidades piloto em escala laboratorial e tem o propósito básico de diminuir o tempo de reação e custos do processo”, afirma Maria Marony do Nascimento, gestora do edital do CNPq. “Temos certeza que muitos destes projetos apontarão caminhos para a produção em maior escala e inovação em relação ao atual estado da arte”.
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) também tem fomentado pesquisas para viabilizar o uso do etanol pelo setor. “Uma das premissas do programa nacional de biodiesel é que o combustível obtido seja pela rota etílica”, afirma Laércio de Sequeira, secretário técnico de energia e biocombustíveis da agência. “Por isso, em todos os editais e encomendas que temos, damos sempre preferência ao uso de etanol. É uma determinação nossa que tem de ser seguida”, completa.
Segundo Maria, o tempo e o custo são dois dos principais desafios a ser enfrentados na troca do metanol pelo etanol nas usinas. “Considerando o estágio atual da tecnologia, nas mesmas condições operacionais, a reação de produção do biodiesel pela rota etílica é muito mais lenta que pela rota metílica. Durante a reação, o consumo de etanol equivale a 15% do peso da matéria-prima (50% maior que o metanol). A utilização do etanol na produção do biodiesel representaria então maiores custos operacionais e maior investimento na etapa de purificação no processo produtivo do biodiesel”, explica.
Na reação química de transesterificação (que transforma óleo, álcool e catalisador em biodiesel), é necessário utilizar em torno de 15% de metanol ou 30% de etanol. Além de a rota etílica necessitar de mais álcool para fazer a reação, a usina ainda precisa recuperar cerca da metade do etanol utilizado, que acaba sobrando no processo. E para isso utiliza mais destiladores. Este álcool não pode ser usado nas reações seguintes, já que a usina necessita de álcool anidro e o que sobra é hidratado.
No caso da Fertibom, o etanol residual é encaminhado até uma usina de álcool próxima, onde passa por um tratamento que separa novamente o produto dos demais componentes (glicerina e água, principalmente). Segundo a empresa, o custo é baixo, principalmente porque o serviço é feito em sistema de troca com uma usina parceira, que cobra o preço em fertilizantes. “Eles já têm o álcool anidro lá. Quando entregamos nossa carga, fazemos uma conta de quanto do nosso resíduo vai virar álcool novamente e nem precisamos esperar. Já pegamos o equivalente para voltar a fazer novas reações”, explica Heitor Mariano Gobbi Barbosa, gerente de projetos da empresa. No total, de cada 1 milhão de litros de resíduo enviados para a usina parceira, voltam cerca de 400 mil litros de álcool anidro.
Por enquanto, os estudos por si só não foram suficientes para virar totalmente o jogo, mas fazem parte de uma estratégia, que, aliás, foi oficializada pelo governo em 2007, quando a substituição do metanol pelo etanol passou a ser considerada parte integrante do Plano de Ação do MCT. Mas, quando as soluções técnicas vierem, elas mudarão o panorama da partida?
“No momento, o foco é vencer o desafio tecnológico apresentado”, afirma Maria Marony, do CNPq. “Uma vez isto ocorrendo, certamente o governo federal saberá apresentar o melhor plano de utilização da tecnologia dominada com vistas ao desenvolvimento nacional”. É torcer para que ela esteja certa.
Embora tenha sido tímido até o momento em relação à questão fiscal, que poderia virar de vez o jogo do biodiesel a favor do etanol, o governo brasileiro tem sido importante em outra parte da disputa, que não deixa de ser igualmente relevante. Por meio de suas agências de fomento, o governo federal tem incentivado cientistas de todo o país a achar soluções que facilitem o uso do etanol na produção de biodiesel.
Um caso em que isso vem ocorrendo muito clara e consistentemente é no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). No segundo semestre do ano passado, por exemplo, foi aberto um edital que liberou R$ 8 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico exclusivamente para pesquisas que desenvolvam processos de obtenção de biodiesel via rota etílica.
Não houve falta de interessados. No total, 85 grupos de pesquisa do país todo levaram suas idéias para o julgamento do CNPq. Desses, 35 foram considerados aprovados e 20 já estão recebendo recursos para levar adiante os seus trabalhos. Cada grupo terá à sua disposição R$ 400 mil e deverá apresentar os resultados finais ao conselho dentro de 24 meses – prazo que se encerra no fim de 2010.
“A maior parte dos projetos apresenta unidades piloto em escala laboratorial e tem o propósito básico de diminuir o tempo de reação e custos do processo”, afirma Maria Marony do Nascimento, gestora do edital do CNPq. “Temos certeza que muitos destes projetos apontarão caminhos para a produção em maior escala e inovação em relação ao atual estado da arte”.
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) também tem fomentado pesquisas para viabilizar o uso do etanol pelo setor. “Uma das premissas do programa nacional de biodiesel é que o combustível obtido seja pela rota etílica”, afirma Laércio de Sequeira, secretário técnico de energia e biocombustíveis da agência. “Por isso, em todos os editais e encomendas que temos, damos sempre preferência ao uso de etanol. É uma determinação nossa que tem de ser seguida”, completa.
Segundo Maria, o tempo e o custo são dois dos principais desafios a ser enfrentados na troca do metanol pelo etanol nas usinas. “Considerando o estágio atual da tecnologia, nas mesmas condições operacionais, a reação de produção do biodiesel pela rota etílica é muito mais lenta que pela rota metílica. Durante a reação, o consumo de etanol equivale a 15% do peso da matéria-prima (50% maior que o metanol). A utilização do etanol na produção do biodiesel representaria então maiores custos operacionais e maior investimento na etapa de purificação no processo produtivo do biodiesel”, explica.
Na reação química de transesterificação (que transforma óleo, álcool e catalisador em biodiesel), é necessário utilizar em torno de 15% de metanol ou 30% de etanol. Além de a rota etílica necessitar de mais álcool para fazer a reação, a usina ainda precisa recuperar cerca da metade do etanol utilizado, que acaba sobrando no processo. E para isso utiliza mais destiladores. Este álcool não pode ser usado nas reações seguintes, já que a usina necessita de álcool anidro e o que sobra é hidratado.
No caso da Fertibom, o etanol residual é encaminhado até uma usina de álcool próxima, onde passa por um tratamento que separa novamente o produto dos demais componentes (glicerina e água, principalmente). Segundo a empresa, o custo é baixo, principalmente porque o serviço é feito em sistema de troca com uma usina parceira, que cobra o preço em fertilizantes. “Eles já têm o álcool anidro lá. Quando entregamos nossa carga, fazemos uma conta de quanto do nosso resíduo vai virar álcool novamente e nem precisamos esperar. Já pegamos o equivalente para voltar a fazer novas reações”, explica Heitor Mariano Gobbi Barbosa, gerente de projetos da empresa. No total, de cada 1 milhão de litros de resíduo enviados para a usina parceira, voltam cerca de 400 mil litros de álcool anidro.
Por enquanto, os estudos por si só não foram suficientes para virar totalmente o jogo, mas fazem parte de uma estratégia, que, aliás, foi oficializada pelo governo em 2007, quando a substituição do metanol pelo etanol passou a ser considerada parte integrante do Plano de Ação do MCT. Mas, quando as soluções técnicas vierem, elas mudarão o panorama da partida?
“No momento, o foco é vencer o desafio tecnológico apresentado”, afirma Maria Marony, do CNPq. “Uma vez isto ocorrendo, certamente o governo federal saberá apresentar o melhor plano de utilização da tecnologia dominada com vistas ao desenvolvimento nacional”. É torcer para que ela esteja certa.