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Algodão: Queda na produção


BiodieselBR.com - 08 jul 2007 - 14:39 - Última atualização em: 20 jan 2012 - 11:47
Queda na produção

Os números do IBGE indicam que haverá redução de 19,7% na produção de caroço este ano, em comparação com 2008 (veja gráfico). Isso se explica pela atual conjuntura econômica do mundo, que reduziu a demanda pelo algodão e conseqüentemente seu preço no mercado. Segundo a Conab, o preço mínimo do algodão com caroço, adotado no mercado interno em março deste ano, alcançou R$ 0,89 o quilo (R$ 13,40 por arroba de 15 kg).

Segundo o chefe da Embrapa Algodão, Napoleão Beltrão, o custo da produção no Brasil é um dos mais elevados: gasta-se em média R$ 4.800 por hectare plantado, podendo chegar até R$ 6.000/ha dependendo do padrão do solo.

Além do custo com a logística, a lavoura do algodão exige um maquinário específico, diferente do utilizado para a soja ou outras oleaginosas. A quantidade de fertilizantes necessários para uma boa colheita também é superior que nas demais culturas, chegando a uma tonelada por hectare plantado de algodão. “Apesar de apresentar elevados índices de produtividade, é uma cultura caríssima no nosso país”, afirma Beltrão. Ele diz que o aquecimento do mercado do biodiesel pode melhorar o rendimento do produtor. “Agora que surgiu a demanda pelo biodiesel, o Brasil tem mais é que aproveitar a oportunidade de agregar valor a esse produto”.

Dados do Cepea mostram que algumas cidades produtoras tiveram o preço do caroço do algodão alterado depois que este se destacou como matéria-prima viável para a produção de biodiesel. Em Primavera e Rondonópolis (MT), por exemplo, o preço da tonelada de caroço de algodão variou de R$ 180 em 2005 para R$ 400 em 2008, depois caindo para os atuais R$ 250 – valor considerado acima da média, já que o período é de baixo preço da fibra do algodão.

Alves acredita que essa possa ser uma tendência para as próximas safras. “A utilização do caroço nas indústrias de biodiesel está alavancando os preços. Não se planta algodão para obter o caroço, mas o lucro do produtor começa a vir dele também”, ressalta.

O biodiesel brasileiro

Para o economista Lucilio Alves, a intervenção do governo é fundamental para que tanto os produtores de matérias-primas quanto as indústrias de biodiesel tenham resultados satisfatórios. Produzir biodiesel com preço competitivo é para ele a grande dificuldade. “O desafio é fazer com que a produção do biodiesel seja mais barata. O produto deve chegar ao consumidor com um preço menor que o óleo diesel, ou não terá competitividade no mercado futuro. Para isso, as ações políticas são essenciais”, afirma.

Apontada por todos os pesquisadores, o Brasil possui uma característica importante que o coloca à frente dos demais países na produção do biodiesel: a variedade de oleaginosas produzidas aqui. “Esta é a grande vantagem do Brasil. Com uma produção diversificada, há como misturar os óleos dos produtos, testar e fazer experimentos até conseguir fabricar um biodiesel de alta qualidade”, explica Beltrão. Defensor do uso do algodão para a produção de biodiesel, ele ainda ressalta que o país deve priorizar as culturas com tecnologia já dominada, como é o caso do algodão e da soja. As pesquisas para o aproveitamento de outras matérias-primas, como o babaçu e o pinhão-manso, devem ser desenvolvidas em paralelo. “É preciso ter cautela e dar preferência às espécies que já foram domesticadas. Ainda falta conhecimento de base para apostar nas que estão começando a ser cultivadas no país”, diz.

Alves também defende o uso do caroço do algodão: “Para o mercado do biodiesel, o algodão passou a cumprir seu papel de cultura alternativa, como o próprio nome indica. A oferta do caroço começa a aparecer quando há escassez de óleo de soja, a partir de julho”, explica o economista, que visualiza um mercado promissor para este insumo, caso exista um conjunto de políticas de incentivo à produção do biodiesel. “O óleo do algodão estará sempre atrás da soja, mas se o governo continuar sua intervenção, esse produto também conquistará seu espaço neste mercado. Em breve existirão empresas capazes de comprar grandes quantidades de caroço para este fim”, completa.