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Gerhard Knothe: Misturas e oleaginosas


BiodieselBR.com - 24 abr 2007 - 13:00 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 09:25

Revista BiodieselBR Brasil, EUA e Europa estão trabalhando por uma especificação única do biodiesel. Para alcançar este objetivo será preciso resolver mais problemas técnicos ou políticos?

Gerhard Knothe Ambos. Esses problemas podem acabar se sobrepondo e as especificações técnicas podem conter questões políticas disfarçadas. De modo geral, as normas da ASTM [American Society for Testing and Materials, equivalente americano do Inmetro] são mais tolerantes no sentido de permitir o uso de uma maior variedade de matérias-primas. Na norma européia, não apenas o índice de iodo é restritivo, como também a pequena margem para a viscosidade cinemática, um aspecto que não tem recebido muita atenção do setor de biodiesel.

A partir de qual percentual de mistura biodiesel/diesel obtêm-se ganhos significativos em relação a emissões e qualidade final do diesel?


Gerhard Knothe
Isso vai depender das regulamentações que precisam ser atendidas. Em geral, em relação às emissões, quanto mais biodiesel, melhor, especialmente no que se refere à redução de matéria particulada. No entanto, com limites de emissão mais rigorosos e as novas tecnologias de controle de emissão desenvolvidas para atendê-los, essa questão pode acabar desaparecendo com o tempo em países que aplicam essas restrições, na medida em que tecnologias mais antigas deixam de ser usadas nos motores.

Mas e misturas de biodiesel entre 2 e 5%, as mais usadas no mundo. Não é muito pouco?


Gerhard Knothe
Os ganhos em emissão com o uso de misturas pequenas são limitados, uma vez que as emissões são proporcionais ao grau de mistura de uma forma quase direta.

Com os motores diesel existentes no mercado atualmente, até que nível de mistura biodiesel/diesel é seguro para os motores?

Gerhard Knothe As misturas que podem ser usadas e o que cada fabricante de motor aceita ou recomenda podem variar. De qualquer forma, o biodiesel puro dentro dos parâmetros deve ser utilizável na maioria dos motores.

O óleo de soja é a principal matéria-prima do biodiesel utilizada nos EUA. Como o senhor vê essa dependência da soja e o que pode ou está sendo feito para mudar isto?

Gerhard Knothe O biodiesel foi sempre promovido como um combustível que pode ser produzido a partir de fontes domésticas, reduzindo a dependência de petróleo importado. Portanto, as matérias-primas domésticas devem ser utilizadas. Embora o óleo de soja ainda seja a principal fonte de biodiesel, outros óleos vegetais e matérias-primas, como gorduras animais e óleo de cozinha, vêm sendo utilizados. Mas mesmo combinadas, todas essas fontes só conseguem suprir uma pequena porcentagem do mercado de biodiesel, e por isso outras possibilidades vêm sendo investigadas, como as algas ou o cultivo doméstico de pinhão manso.

Quais são as outras oleaginosas que aparecem com potencial para a produção de óleo em larga escala nos EUA?

Gerhard Knothe
As oleaginosas que assumirão um papel de destaque é algo que ainda não sabemos. Entre as oleaginosas que vêm sendo promovidas ou em alguns casos utilizadas em menor escala para a produção de biodiesel estão a colza, a mostarda, o girassol, o pinhão- manso nativo e a camelina, entre outras. No entanto, questões econômicas e de suprimento, bem como as técnicas, terão de ser consideradas em todos os casos.