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Transporte: Produção regionalizada


BiodieselBR.com - 05 mar 2007 - 15:01 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 10:04
Produção regionalizada

Se o transporte em distâncias tão grandes é uma dificuldade significativa, uma solução para todo esse imbróglio seria regionalizar a produção de biodiesel. “Seria interessante que todas as regiões do país fossem auto-suficientes, evitando deslocamentos rodoviários de mais de mil quilômetros. As regiões Nordeste, Norte e o Estado de São Paulo não são auto-suficientes e necessitam de transportes de longa distância, pressionando o preço das usinas localizadas nestas regiões”, diz Guilherme Andrade, da Petrobras Distribuidora.

A produção regionalizada também é defendida por Luiz Antônio Fayet, consultor de logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “O transporte é uma barreira intransponível no Brasil. Não precisamos transportar tudo no país”. E ele vai além: considera que cada região deveria ter suas próprias regras, pois, na opinião dele, não dá para ter a mesma lei na Raposa do Sol e na Avenida Paulista. “É preciso adotar soluções que tenham menor custo para cada cidade. Nós temos vários países dentro do Brasil. É preciso ter soluções regionais compatíveis entre si”.

Um exemplo prático citado por Fayet é o motor flex, que permite o abastecimento com álcool ou gasolina, dependendo da região em que o motorista se encontra. “A tecnologia resolveu esse problema com os motores flex. Se nós tivéssemos tecnologias, por exemplo, de motores flex para diesel e biodiesel, com várias possibilidades de composição, isso reduziria o custo macroeconômico do biodiesel. No Brasil inteiro há soluções técnicas, o problema são as soluções econômicas”. E ainda coloca um dedo na ferida: “O Brasil precisa ter uma legislação que proteja toda a bioenergia no mercado. Porque hoje o monopólio da Petrobras desequilibra a competição”. Fayet ainda critica a incoerência do governo ao tratar da questão do combustível ao lembrar que ele recentemente diminuiu a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para a gasolina e o óleo diesel, barateando os dois produtos em detrimento do álcool. “O governo estimula a produção de álcool com uma mão e com a outra o prejudica. Não temos uma estabilidade jurídica”.

Outro que bate na tecla da produção próxima ao consumo é o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Mendes Vaz. “O problema é que as usinas de biodiesel estão localizadas no interior. Logo no início do programa do biodiesel, nós dissemos que o governo não deveria estimular a produção no interior, ela deveria ficar mais próxima aos pontos de consumo de diesel. O biodiesel não precisa ser produzido perto do local onde é plantado, como acontece com a cana e o álcool. As grandes unidades deveriam ter melhor localização”. Esta é a situação ideal para minimizar os problemas das distribuidoras, mas não das usinas, que têm escolhido se instalar perto das regiões produtoras de grãos. Os motivos são primordialmente de ordem econômica, pois os estudos mostram que a instalação das unidades nessas regiões garante melhor rentabilidade, uma vez que não precisam transportar o grão ou o óleo vegetal, cujo preço do frete é mais elevado quando comparado ao biodiesel. Outro fator que pesa nessa conta é que essas regiões também absorvem todo o farelo das unidades.