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Malásia - Oscilação e Replantio


BiodieselBR - 15 jan 2008 - 20:06 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 10:21
Exterior: Miragem na Malásia - Oscilação e Replantio

Oscilação

Depois da publicação do relatório do IISD, um fato novo teve grande impacto sobre o setor de biodiesel malaio: a queda vertiginosa da cotação de óleo de palma, que no dia 28 de outubro atingiu US$ 478 a tonelada, a mais baixa dos últimos três anos. Em relação ao patamar de julho, a redução no preço do óleo foi de 60%. Desde 2006, quando a Malásia adotou uma política nacional de estímulo ao plantio dessa variedade para a produção de biodiesel, as cotações foram geralmente superiores a US$ 700 por tonelada e chegaram a um pico de US$ 1.326 por tonelada em março deste ano.

“Apesar da atual volatilidade dos preços, a Malásia permanece como o maior produtor mundial desse óleo, com 53% de toda produção. Além da palma, está sendo plantado pinhão-manso para produção de biodiesel. Isto faz com que o país tenha um enorme potencial para o desenvolvimento do setor”, afirma o engenheiro químico e petroquímico iraniano Babak Salamati, que está desenvolvendo sua tese de doutorado em biodiesel na Malásia.


Replantio

A queda abrupta no preço do óleo de palma foi atribuída à crise global, mas a grande produção e o acúmulo de estoques também ajudaram. Segundo dados do MPOB, no segundo trimestre foram produzidas 4,25 milhões de toneladas, um incremento de 7,8% em relação ao trimestre anterior. A produção prevista para o terceiro trimestre (os dados ainda não haviam sido consolidados até o fechamento desta edição) mantém a trajetória ascendente: 4,37 milhões de toneladas. Quase a totalidade da produção é exportada, sendo a China o principal mercado comprador, com 25% das importações, seguido da União Européia, com 13%.

Diante disso, os governos da Malásia e da Indonésia apresentaram um plano conjunto para recuperar o preço do principal produto agrícola de suas economias. Os dois países, que respondem juntos por 85% da produção global dessa commodity, irão diminuir o plantio no curto prazo para tentar conter a queda das cotações. O plano é replantar 300 mil hectares de palmeiras, substituindo árvores velhas (com algo entre 15 e 20 anos, mas que ainda são produtivas). A nova safra nessas áreas somente ocorrerá dentro de três a quatro anos. Segundo afirmou o ministro malaio da Agricultura Peter Chin ao jornal The Jakarta Post, todos os setores da economia mundial deverão ser afetados por uma redução de demanda em 2009 devido à crise financeira global. “Estamos replantando árvores já prevenindo um possível acúmulo de estoques para o próximo ano”, disse o ministro.

Com o plano anunciado no início de novembro, ficou acertado que a Indonésia irá replantar 50 mil hectares, enquanto a Malásia, 250 mil. O corte, contudo, não será barato. Terá um custo estimado em US$ 2.253 por hectare e deverá atingir respectivamente 500 mil e 600 mil toneladas nos dois países.

“O futuro do biodiesel de palma depende muito da qualidade entre as cotações do petróleo e dos óleos vegetais. Contanto que ambos se movimentem em conjunto, poderá existir um bom mercado, porque o biodiesel de palma é o que tem melhor custo benefício”, diz Unnithan. Apesar da queda nas cotações do óleo de palma cru e do biodiesel, os empreendimentos baseados nessa commodity são, hoje, economicamente viáveis. Porém, devido às inúmeras questões socioambientais e mercadológicas relacionadas ao mercado, ainda é difícil prever quando e se a indústria de biodiesel da Malásia encontrará o caminho da sustentabilidade.