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Mamona: Nobre desaparecida - resultado de problemas no campo


BiodieselBR - 06 nov 2008 - 18:35 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 11:04

Para o governo, a ausência da mamona na produção do biodiesel é resultado de problemas no campo. “É preciso aumentar a oferta e a produtividade agrícola da mamona”, aponta Rodrigues. Além disso, ainda pesa contra a oleaginosa a acusação de, no fim das contas, não ser uma boa matéria-prima para o biodiesel. O combustível produzido a partir dela não atende às especificações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em relação a viscosidade e teor de acidez. Mas para o engenheiro agrônomo Amadeu Regitano Neto, do Instituto Agronômico de São Paulo (IAC), isso não chega a ser uma desvantagem. “Se misturada a outras matériasprimas a mamona contribui para melhorar a qualidade do produto final”, diz.

As características da mamona permitem que ela seja usada em até 30% da produção, mas o limite pode variar de acordo com a tecnologia empregada, defende Rodrigues. “A elevada viscosidade e o teor de acidez requerem um prétratamento do óleo de mamona, ou a combinação dele com outros óleos vegetais para ser utilizado na produção de biodiesel, atendendo as especificações da ANP.”

Mas a maior preocupação é mesmo com a produtividade. “Se houver aumento da área cultivada com mamona e elevação na produtividade de óleo por hectare, haverá uma redução do preço do óleo de mamona e essa alternativa poderá tornar-se economicamente competitiva na produção do biodiesel”, prevê Rodrigues. “Há um problema crônico no país. Os produtores não aproveitam a tecnologia existente para escolher as melhores variedades e assim produzir mais”, diz Savy.

Os problemas da mamona:

  • 01 Baixa produtividade frente a outras culturas

  • 02 Alto preço do óleo no mercado da ricinoquímica

  • 03 A área plantada não aumentou com o crescimento da demanda

  • 04 A viscosidade e o teor de acidez do seu biodiesel não atendem às especificações da ANP


  • 05 A agricultura de baixa renda não tem acesso à tecnologia necessária para garantir rentabilidade satisfatória

Além disso, apesar do alto preço do óleo, pouco desse dinheiro fica realmente no campo. “É um lucro que fica com os intermediários. O preço sobe, mas o produtor não é beneficiado”, relata. A intenção de investir no cultivo de mamona permanece. “É uma cultura importante para o pequeno agricultor do Nordeste porque ela resiste à falta de água e já possui uma demanda fixa”, defende Regitano. “Foi o programa de biodiesel que deu ao produtor a segurança necessária para que ele pudesse investir na produção, uma vez que garantiu o preço do óleo”, analisa.

“A cultura da mamona precisava e ainda precisa do impulso do biodiesel para se consolidar no país”, afirma o engenheiro Valfredo Vilela, da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). O Brasil já foi o maior produtor desse óleo no mundo, mas hoje perdeu o posto para a Índia, que representa 49% da produção mundial, e para a China (29%). “Podemos retomar essa produção apostando em variedades mais produtivas e no uso de terras já desmatadas”, defende.

Mercado para a ampliação da produção da mamona, dizem os especialistas, existe. “A Mitsubishi consome sozinha mais óleo de mamona que o Brasil inteiro produz”, relata Regitano. A semente também pode ser aplicada na produção de próteses ósseas, de componentes para fios, nylons e, é claro, lubrificantes. “O mercado tem que ter uma sustentação”, completa.

Revista BiodieselBR