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As vantagens dos leilões


Out/nov 2008 - Por Fábio Rodrigues, de São Paulo - 24 out 2007 - 16:11 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 10:42

Vantagens

Mas além de uma excepcional ferramenta de fomento (e fonte de dores de cabeça), os leilões também têm a função de fiscalizar se as distribuidoras estão adicionando a quantidade correta de biodiesel ao diesel comum. “Como somos obrigados a comprar o biodiesel da ANP e da Petrobras, eles automaticamente ficam sabendo se estamos adquirindo os volumes corretos”, explica Alísio Mendes Vaz, vice-presidente do vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).

Dentro de uma indústria que trabalha com margens de lucro muito reduzidas, a tentação de embolsar os quase cinco centavos de diferença entre os custos de um litro de B3 e um de diesel puro poderia ser grande demais. Por esse motivo, embora Vaz considere que embora “o mercado livre poderia trazer mais eficiência para a cadeira produtiva”, o atual modelo é a opção “mais adequada e segura para o momento do PNPB que estamos vivendo”.

Para Francisco Lavor os eventuais benefícios em relação à fiscalização do mercado não compensam as dificuldades embutidas no sistema. “Aceitar aumentar o risco dos produtores para poder controlar melhor quem está tentando fraudar o mercado é meio como matar o cachorro só porque é difícil tirar as pulgas”, brinca.

Do ponto de vista do Sindicom seria infinitamente mais simples trabalhar num mercado livre de forma que “cada distribuidora pudesse ter seus fornecedores de confiança e desenvolver parcerias como já fazemos no mercado de etanol”. De acordo com Vaz, o maior problema está “no grau de complexidade tremendo” do sistema. Cada etapa do processo está cheia de situações que podem não funcionar tão bem como planejado: a ANP compra um biodiesel que ainda não  existe; elabora uma planilha com as datas de entrega previstas para cada usina; repassa esses volumes para os distribuidores que precisam se virar com a logística.

Com tanta coisa para dar errado – e isso sem nem falar das complicações causadas pelo descompasso entre o preço do biodiesel e o das matérias-primas –, não é de admirar que os índices de inadimplência girem na casa dos 30%. São distribuidoras que vêem seus caminhões-tanque voltarem secos e produtores que ficam com o estoque empacado porque ninguém aparece para retirar o produto. Para minimizar o problema, no começo de setembro, a ANP liberou as distribuidoras para adquirirem estoques operacionais diretamente dos produtores – os volumes necessários para a mistura do B3 continuam sendo negociados normalmente. “Os distribuidores têm todo o direito de formar seus estoques para garantir segurança operacional, mas ele precisa continuar adquirindo suas cotas do leilão. Queremos evitar o surgimento de um mercado paralelo”, explica Silva.

Alísio Mendes Vaz resume bem o impasse ao afirmar que o sistema de leilões pode não ser dos mais eficientes, mas que ele é eficaz no sentido de garantir que uma indústria que ainda é muito nova funcione como deveria.

Já Francis Lavor embora reconheça que “aos trancos e barrancos o programa do biodiesel  está andando”, avalia que manter os leilões por muito mais tempo seria um “equivoco”. “Tudo o que deu certo aqui no Brasil veio do mercado livre, seja no setor de telefonia, no de etanol ou no de produtos agrícolas, então, não acho boa política manter o biodiesel  em mãos governamentais” arremata Lavor.