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Biodiesel ao redor do mundo: metas e planos


BiodieselBR - 03 nov 2007 - 15:46 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 10:46
Produção de biocombustíveis cresce na medida em que a tecnologia de produção avança e a necessidade de substituir o petróleo se torna mais evidente

Redação BiodieselBR

O ano de 2010 pode vir a ser um marco na história do biodiesel. Enquanto hoje em muitos países o uso desse combustível ainda é incipiente, daqui a pouco menos de dois anos a adição do biodiesel ao diesel deve passar de possível a obrigatória em diversos pontos do planeta. É o caso da União Européia, do Canadá, da Argentina e da Indonésia. Isso sem contar a provável antecipação para 2010 do uso de B5 no Brasil.

A ampliação do espaço concedido ao biodiesel na matriz energética em todo o mundo é resultado de uma conjunção de fatores. Primeiro vem da necessidade cada vez mais evidente de se reduzir a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera, em especial o dióxido de carbono. O biodiesel é considerado carbono neutro, ou seja, as emissões causadas pela sua queima são compensadas pela captura do carbono durante o cultivo da matéria-prima. A cada litro de diesel substituído por biodiesel, 2,66 quilos de carbono deixam de ser jogados na atmosfera.

Já o petróleo teve a sua parcela de participação com o aumento do preço do barril, que chegou a bater pela primeira vez US$ 140 em junho deste ano. Ao mesmo tempo o presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Chakib Khelil, acenou com a possibilidade do barril chegar a US$ 400 em caso de crise política mundial. A alta do petróleo é um grande incentivo de políticas de redução da dependência dessa commodity, apesar do preço do barril ter recuado para algo em torno de US$ 100.

Isso porque a produção de biocombustíveis ainda não é um empreendimento dos mais lucrativos, uma vez que o custo de produção continua alto. No entanto, com o investimento em tecnologia, o aumento da produção por hectare e a viabilização do biodiesel de segunda geração, a tendência é que esses custos sejam reduzidos. Enquanto isso, com a possibilidade das reservas mundiais de petróleo estarem se extinguindo, o preço do barril continua a ser alvo de reajustes freqüentes.

De olho nesse horizonte, a Europa deve implantar o uso obrigatório da adição de 5,75% de biodiesel no diesel a partir de 2010, o que significa uma demanda de mais de 50 milhões de litros por dia. O continente já incentiva o B2 desde 2005 e aplica impostos mais salgados aos combustíveis de origem mineral enquanto os biocombustíveis contam com incentivos fiscais. Essas e outras medidas da Comunidade Européia contam com a oposição ferrenha de grupos que creditam ao biodiesel a culpa pelo recente aumento no preço dos alimentos.

Entre os países da Europa que mais investem em biocombustíveis está a Alemanha, maior produtor mundial do combustível verde. O segredo do sucesso alemão está na concessão de subsídios aos produtores de biodiesel. Tais vantagens, no entanto, estão sendo gradativamente reduzidas pelo governo e o combustível, que antes era isento de impostos, passou a ser taxado pelo governo num sistema que será reajustado em seis centavos de euro por ano até 2012.

Todo o programa de biodiesel alemão é baseado no óleo de colza ou canola. São 1,1 milhão de hectares reservados em todo o país para a cultivo da planta. Apesar de todo esse espaço, o país importa uma quantidade significativa de biodiesel, especialmente da França e Inglaterra e óleo de colza da Rússia, Ucrânia, China e Canadá.

Do outro lado do Atlântico, no Canadá, a meta é mais modesta. Os canadenses prevêem a adição de 2% de biodiesel no diesel a partir de 2010. Para incentivar a produção e o uso desse combustível, os canadenses contam com uma isenção fiscal de 4%. Nos Estados Unidos, o uso de biodiesel não é obrigatório em todos os Estados, mas a adição de até 20% desse combustível ao diesel é autorizada em todo o país. Os americanos produziram 1,7 bilhão de litros de biodiesel na temporada 2006 e 2007 e a tendência é que a produção cresça ainda mais.

Já os argentinos, cuja produção de biodiesel tem como destino principal a exportação, irão voltar seus esforços para o mercado interno na medida em que o país pretende implantar o B5 em 2010. Para atender a adição obrigatória de biodiesel no diesel a Argentina terá que produzir algo em torno de 785 milhões de litros a mais por ano. A indústria argentina é baseada na cultura da soja (veja mais sobre a Argentina na página 68).

Por fim, na Ásia a produção de biodiesel deve ganhar impulso com os investimentos atraídos pela indústria da China, que com a concessão de incentivos fiscais quer aumentar a produção doméstica. Os chineses estudam a possibilidade de que o biodiesel corresponda a 15% de suas necessidades energéticas em 2015. O país, no entanto, ainda não determinou a adição obrigatória do combustível ao diesel.

Na Indonésia o uso de B2 se torna obrigatório a partir de 2010, com a previsão da produção local atingir o patamar de um bilhão de litros para atender à demanda. Na Malásia a adição de 5% ao diesel já é obrigatória. O país investe na ampliação da produção, que está atualmente na casa dos 400 milhões de litros.