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Produção e consumo

Com petróleo caro, geração por térmicas a diesel é suspensa


Valor Econômico - 17 mar 2022 - 09:16

A alta do preço do barril de petróleo, um dos reflexos da guerra entre Ucrânia e Rússia, levou o Operador Nacional do Sistema Elétrico Brasileiro (ONS) a tomar a decisão de não despachar as usinas termelétricas a diesel para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Isso significa que elas deixaram de operar.

Em nota, o órgão afirmou que somente as usinas movidas a gás natural estão sendo usadas para geração de energia elétrica, pois têm preços mais competitivos.

“O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informa que, por causa do atual cenário externo, estamos usando usinas a gás natural, que têm preços mais competitivos, no momento. As térmicas a diesel não estão sendo despachadas.”

Além de mais poluentes, as térmicas a diesel têm o Custo Variável Unitário (CVU) muito alto, o que impacta diretamente nas tarifas de energia. Dados do órgão indicam ainda que o uso do diesel para geração de energia elétrica não deve acontecer pelos próximos meses, o que deve aliviar os custos na conta de luz.

“Estudos prospectivos do operador indicam que esse quadro não deve se alterar nos próximos meses. No entanto, as análises são atualizadas constantemente”, acrescenta o órgão.

Xisto Vieira, diretor da Associação Brasileira de Geradoras Térmicas (Abraget), explica que as térmicas a diesel e a óleo já estavam com atividade baixa mesmo antes do cenário externo complicado porque os reservatórios de água estão em nível bom e os preços das térmicas a gás têm preço mais competitivo.

“As térmicas a diesel estão paradas mesmo antes da guerra porque o preço de combustível delas já era elevado”, diz. “Além disso só se despacha uma térmica quando o custo marginal de operação da água for muito alto e for mais negócio usar a térmica. Atualmente o custo da água está em R$ 13/megawatt hora. A da térmica a diesel ultrapassa R$ 1.000/megawatt hora.”

Entretanto, com a escalada de preços do barril, as térmicas a movidas a gás natural também terão o custo de insumo aumentado, o que pode forçar a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a reajustar o preço da energia de determinadas usinas.

Maurício Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, acredita que o desligamento das térmicas a diesel não causa impactos na capacidade de geração de energia e tampouco contribuirá para reduzir as contas de luz. “O aumento do diesel não vai impactar o custo das térmicas, mas o do gás sim”, afirma.

O governo olha com preocupação a situação de aumento dos combustíveis. Semana passada, o Ministério de Minas e Energia (MME) criou um “comitê de monitoramento do suprimento nacional de combustíveis e biocombustíveis”, para analisar e propor medidas sobre os impactos aos consumidores.

Em 2021, o Brasil enfrentou a pior crise hídrica dos últimos 91 anos, o que fez com que o ONS despachasse todas as usinas termelétricas disponíveis a fim de evitar um racionamento.

Robson Rodrigues, Marsílea Gombata e Rafael Vazquez – Valor Econômico