BiodieselBR.com 07 ago 2023 - 08:49 - Última atualização em: 09 ago 2023 - 16:48

Até pouco tempo atrás, o mercado brasileiro era atendido pela Southern Chemical Corporation (SCC). Em meados de 2018, foi criada a Helm Proman Methanol (HPM). E, desde junho, a empresa passou a ser chamada de Valenz. Por trás do novo nome – que reveste a qualidade e profissionalismo de sempre – está o esforço de um dos maiores fabricantes de metanol do mundo em transmitir uma imagem mais ‘sustentável’ para um mercado que está em franca transição e expansão.

Para tentar entender um pouco mais desse movimento da empresa, a BiodieselBR.com conversou com o Diretor de Químicos da Helm do Brasil, Sérgio Melchert.

BiodieselBR.com – Tem só 5 anos desde que a Helm Proman Methanol (HPM) foi formada para unificar os negócios da Helm, da Proman e da SCC. O que motivou esse rebranding?

Sérgio Melchert – Esse rebranding nos aproxima do mercado e ressalta a importância do nosso produto e do seu crescente potencial como fonte limpa de energia – seja na produção de biodiesel ou por meio de seu uso como combustível marítimo – em um mundo com menos emissões de gases do efeito estufa.

BiodieselBR.com – E o que a empresa quis comunicar por meio desse novo nome?

Sérgio Melchert – Valenz é derivado da palavra “valência” que tem vários significados. Na etimologia, a palavra significa ‘”valor”. Mas se olharmos mais especificamente para a química, o termo se refere ao potencial de combinação dos diferentes elementos. Esse é um nome que busca refletir o potencial e a capacidade dos laços formados entre os membros de nossa equipe em todo o mundo e entre a Valenz e seus parceiros corporativos.

BiodieselBR.com – A Valenz não é uma diretamente fabricante de metanol, mas uma empresa que se dedica ao marketing e logística do produto. Como funciona esse ecossistema? Quem é o fabricante do metanol que vocês negociam?

Sérgio Melchert – A Proman é o segundo maior produtor de metanol em todo o mundo com fábricas em Trinidad e Tobago, Oman e nos Estados Unidos. A Proman já fazia parte da HPM, sendo o “P” da sigla. A Valenz vem para unir as redes de marketing internacional de todos os seus sócios e negociar globalmente todo o metanol produzido por este fabricante. São aproximadamente 6 milhões de toneladas por ano.

BiodieselBR.com – E o que acontecem com HPM e a SCC. Essas empresas não vão existir mais?

Sérgio Melchert – Com o rebranding teremos apenas uma marca global – a Valenz – que será responsável por comercializar o metanol da Proman.

BiodieselBR.com – O lançamento da Valenz vem calçado em novos investimentos?

Sérgio Melchert – A Valenz não foi lançada em função de novos investimentos. Contudo, os seus sócios mantêm seus próprios investimentos. A Proman, por exemplo, está investindo ativamente no desenvolvimento de metanol verde e de baixo carbono para o mercado global. São duas novas fábricas em desenvolvimento. Uma que opera com gás natural nos Emirados Árabes e uma dedicada à produção de metanol verde na província de Quebec, no Canadá. Essa segunda está sendo construída em parceria com a Shell, Enerkem e Suncor Energy com uma tecnologia que vai usar materiais não recicláveis e resíduos florestais para produzir até 100 mil toneladas anuais de metanol verde.

BiodieselBR.com – No braço de logística vocês vêm investindo em navios movidos a metanol. Quanto da frota própria já usa metanol como combustível?

Sérgio Melchert – Um de nossos acionistas tem investimentos em parceria com a empresa de navegação Stena Bulk e está empenhada em ter uma frota mais sustentável construindo seis embarcações de última geração movidas a metanol. Em junho, recebemos o Stena Pro Patria, que pertence a esta frota e ficará na rota para o Brasil.

BiodieselBR.com – Os players do mercado parecem bastante entusiasmados com o potencial do metanol como um combustível marítimo. Por quê?

Sérgio Melchert – A indústria naval global é responsável por aproximadamente 3% das emissões globais de gases de efeito estufa. São cerca de 60 mil embarcações queimando óleo combustível marítimo de alta emissão o que torna a transição para combustíveis mais limpos, como o metanol, essencial. Em termos de poluição, o metanol consegue reduzir as emissões de SOx e NOx e de material particulado em até 80%.

BiodieselBR.com – E quais seriam as vantagens do metanol como combustível naval para as operadoras ?

Sérgio Melchert – Trata-se de um produto que já está disponível em mais de 120 portos em todo o mundo, incluindo todos os principais centros de abastecimento, o que torna os custos de infraestrutura associados à sua utilização relativamente baixos. Mas essa não é a única vantagem para as operadoras de navios. Além de ser solúvel em água, o metanol se degrada rapidamente tornando-se menos prejudicial para o meio ambiente do que o óleo combustível usado até hoje. Além disso, o metanol já tem procedimentos de manuseio bastante conhecidos o que faz dele uma opção segura.

BiodieselBR.com – Qual é o peso do mercado brasileiro hoje para a Valenz?

Sérgio Melchert – Atuamos no Brasil desde 2016 e o nosso market share vem crescendo de forma sustentável. Isso é um motivo de orgulho para nós e o reconhecimento de que estamos no caminho certo. O consumo brasileiro de metanol tem tudo para apresentar um crescimento robusto nos próximos anos. São cerca de 50 mil toneladas a cada para cada ponto percentual na mistura de biodiesel. Estamos preparados para atender esse crescimento [causado pela adoção do novo cronograma até o B15].

BiodieselBR.com – De que forma a Valenz está se movendo para aproveitar as oportunidades criadas no Brasil com o novo horizonte de expansão do biodiesel?

Sérgio Melchert – Nós já atuávamos nos portos de Paranaguá, Santos, Rio Grande. E desde fevereiro deste ano também passamos a operar em Aratu, na Bahia. Ainda estamos no início dessa operação, mas estamos muito satisfeitos com os resultados alcançados. Isso faz da Valenz o único player do mercado nacional de metanol com tancagem em todos os principais portos de entrada do produto no Brasil. E como temos frota própria para importar a partir de nossas e fábricas nos Estados Unidos e Trinidad e Tobago temos plena capacidade para atender à demanda do mercado brasileiro.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com