Substituir os processos químicos usados na degomagem de óleos vegetais por enzimas contribui para aumentar o rendimento dos processos de pré-tratamento e converter perdas em ganhos para as empresas do setor

Novozymes 04 nov 2019 - 11:11 - Última atualização em: 04 nov 2019 - 18:11 CONTEÚDO PATROCINADO

Há muito tempo que a sabedoria popular nos ensina: não se deve jogar a criança fora junto com a água do banho. Pois é exatamente isso o que grande parte do setor de processamento de grãos tem feito por anos a fio ao não dar a devida atenção ao processo de degomagem que utiliza para tratar os óleos que produz.

Afinal, misturado aos efluentes que ficam para trás ao final do refino do óleo bruto, ainda tem óleo – e bastante. No caso do óleo de soja, de longe o de maior volume no país, as perdas giram em torno de 4,5% da massa total.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o país fabricou cerca de 8,83 milhões de toneladas de óleo de soja no ano passado. Grosso modo, isso aponta para um potencial de perdas da ordem de 397,5 mil toneladas ou, aproximadamente, 436 milhões de litros. É óleo demais para ser simplesmente jogado fora.

Evoluir das soluções convencionais para tecnologias mais modernas de tratamento pode contribuir para reduzir este desperdício. Uma saída pode ser a degomagem enzimática, que é capaz de aumentar o rendimento em até 2,5% – o que dá cerca de 25 quilos de óleo a mais para cada tonelada processada.

É uma opção tecnológica que já está no mercado há um bom tempo com um histórico de eficiência comprovada. As primeiras enzimas especificamente voltadas à degomagem de óleos vegetais começaram a chegar ao Brasil há cerca de 10 anos pelas mãos da Novozymes, empresa biotecnológica de origem dinamarquesa que é um dos principais atores do mercado de enzimas industriais.

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Vencido o estranhamento inicial e com as primeiras plantas equipadas com degomagem enzimática do país prestes a completarem a primeira década de operações, o mercado vem demonstrando interesse crescente. De acordo com o presidente divisão latino-americana de alimentos e bebidas da Novozymes, Gilberto Maia Neto, as vendas para o segmento de processamento de óleos vegetais vêm apresentando índices robustos de crescimento.

“Óleos vegetais é o segmento que mais cresce dentro de nossa área de food and beverage. Esses produtos [enzimas para degomagem] vêm performando muito bem”, anima-se o executivo, ressaltando que este crescimento tem acontecido “graças a satisfação dos clientes” que optaram por esta solução.

Pelas contas da empresa, cerca de 30% do mercado de processamento já migrou para a degomagem enzimática. É um bom número. Contudo, isso também significa que cerca de 70% do setor de esmagamento ainda recorre à degomagem química. “Ainda temos um enorme espaço para crescimento”, reconhece Maia Neto.

Para ajudar a acelerar a transição do setor, a Novozymes está trazendo as enzimas da família Quara para o mercado da América do Sul. Há duas delas: Quara LowP e Quara Boost. A primeira é uma enzima mais robusta e consegue manter sua eficácia mesmo sob condições de temperatura e acidez mais próximas dos valores típicos de operação das esmagadoras, o que simplifica – e reduz os investimentos necessários – a adoção dessa solução.

A segunda novidade complementa o portfólio de enzimas para pré-tratamento de óleos oferecido no mercado brasileiro com um produto específico para esmagadoras que não tenham necessidade de fazer a degomagem profunda de seus produtos.

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“Ele amplia bastante o escopo de onde podemos entrar”, explica o engenheiro de alimentos e especialista industrial da Novozymes, Renan Marangoni. O produto foi oficialmente apresentado ao mercado sul-americano no começo de outubro, na mais recente edição do Congresso Latino-Americano da AOCS, considerado o maior evento para o setor de processamento de oleaginosas.

Um passo para trás

Para entender as vantagens da degomagem enzimática sobre a química é preciso dar alguns passos para trás e relembrar alguns fundamentos técnicos.

Todos os óleos vegetais contêm algum nível de fosfolipídios – substância formada pela combinação de moléculas de ácido graxo, glicerol e um grupo fosfato – que, no jargão do meio industrial, são chamados de ‘goma’ devido à sua alta viscosidade. Daí o termo ‘degomagem’.

A quantidade exata de goma varia em função da tecnologia de extração, do tipo de óleo e, também, das condições do plantio das oleaginosas usadas na produção. Especificamente, o óleo de soja é um dos mais afeitos ao problema, contendo entre 400 a 1200 partes por milhão (ppm) de fósforo em sua composição. Para fins de comparação, o óleo de palma tem entre 10 a 20 ppm.

Remover esta goma é essencial porque a substância decanta dentro dos tanques onde o óleo está armazenado. Assim, com o tempo, ela atrapalha o bombeamento do produto.

Fora isso, os fosfolipídios são emulsificantes. Isso quer dizer que eles mantêm unidos dois líquidos que, naturalmente, se separariam. Este é um problema considerável para as usinas de biodiesel, cujo principal negócio consiste em quebrar as moléculas de óleos e gorduras em ésteres (o biodiesel propriamente dito) e glicerol para, então, separá-los e vendê-los.

“Como a goma mantém as fases do biodiesel e da glicerina unidas, dá mais trabalho para separar e as perdas de rendimento são significativas”, resume Marangoni.

Água e óleo

A forma convencional de remover a goma do óleo é adicionando água: a chamada degomagem aquosa. “As empresas hidratam as gomas e passam por uma centrífuga para separá-las do óleo. Esse é o modelo clássico”, diz o especialista da Novozymes.

É neste ponto que o tratamento enzimático pode fazer a diferença. Em suas pesquisas, a Novozymes identificou enzimas capazes degradar as moléculas dos fosfolipídios para que elas percam seu poder emulsificante, facilitando a separação do óleo. Como um bônus, a quebra dos fosfolipídios libera ácidos graxos livres ou diglicerídeos que podem ser incorporados ao produto final.

Acontece que, graças a seu alto poder emulsificante, as gomas acabam arrastando parte dos óleos consigo. O rendimento típico deste sistema é de 95,5%, o que significa dizer que 4,5% da massa inicial se perde.

“[Na rota enzimática] eu consigo transformar uma parte das impurezas que eu descartaria em óleo e, também, diminuo as perdas na separação das gomas”, resume Florivaldo Galina, sócio da Brprocess, empresa paulista especializada na prestação de serviços de assistência técnica para a indústria de óleos vegetais.

No fim das contas, os ganhos de rendimento giram entre 0,5% e 2,5%.

Solução customizada

O tipo exato de tecnologia a ser empregada também varia em função das necessidades de cada cliente. Esmagadores que vendam óleo para outras empresas precisam fazer apenas uma pré-degomagem, que vai baixar o teor de fósforo para as redondezas dos 200 ppm. O produto padrão neste mercado tem 200 ppm de fósforo e 1% de ácidos graxos. É para estes casos que foi desenvolvida a Quara Boost.

Já empresas que façam uso final do óleo, seja ele próprio ou de terceiros, vão precisar baixar o fósforo para 10 ppm ou menos. Considerando o portfólio de produtos da Novozymes, elas vão precisar de sistemas do tipo PLA – Lecitase ou Quara LowP – ou mesmo de uma combinação de processos.

Também é preciso considerar que migrar para a rota enzimática exige investimento. De acordo com Galina, é preciso aplicar entre US$ 2 e US$ 5 milhões para fazer a conversão – a conta varia bastante em função do porte e dos equipamentos que a planta já possua. “O processo convencional tem capex menor, mas seu opex acaba sendo maior porque há mais perdas. No processo enzimático, você inverte essa relação”, diz.

O investimento tende a se pagar rapidamente, uma vez que os ganhos podem chegar a até US$ 10 para cada tonelada de óleo processada. “Os ganhos de rendimento compensam. Temos casos em que o investimento inicial conseguiria se pagar em cerca de um ano. E ainda, o processo fica muito mais robusto que a rota convencional”, garante Marangoni, da Novozymes. “No fim, estamos todos trabalhando com o objetivo de reduzir perdas e, desta forma, dar mais competitividade ao setor [de óleos vegetais]”, complementa Galina, da Brprocess.

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Os ganhos vão além do simples resultado financeiro, como destaca Gilberto Maia. “Sempre que você traz uma nova tecnologia, que aumenta a produtividade dos processos, você também está gerando sustentabilidade. Poder ajudar nossos clientes a crescerem ao mesmo tempo em que contribuímos para que o mundo supere seus desafios globais de nutrição e sustentabilidade é algo que a gente olha com muito carinho”, conclui o executivo.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com
Infografia: Bianca Rati
Conteúdo patrocinado pela Novozymes