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Conselheiro denuncia acionistas da Vanguarda


Valor Econômico - 16 dez 2011 - 15:20 - Última atualização em: 27 fev 2012 - 12:30

Juliano Leite Malara, acionista e membro do conselho fiscal da Vanguarda Agro, protocolou na noite de ontem na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) denúncia de movimentações vultosas de ações, por parte de acionistas de peso da empresa, em “períodos de vedação”. Durante esses períodos, que normalmente antecedem a divulgação de resultados ou outros fatos relevantes, movimentações como as relatadas por Malara à CVM são proibidas.

Antes de protocolar o pedido de investigação, Malara buscou informações sobre as movimentações com a direção da companhia. Conforme documentos enviados por e-mail ao Valor e assinados pelo CEO Bento Moreira Franco e pelo diretor jurídico Cristiano Soares, a direção confirmou a ocorrência das negociações. Segundo os documentos, elas foram feitas pelos acionistas Helio Seibel, Adriano Xavier Pivetta e Otaviano Olavo Pivetta.

Sempre conforme os documentos enviados por Malara ao Valor, nos dias 7 e 8 de novembro, durante período de vedação motivado pela proximidade da divulgação de resultados trimestrais da Vanguarda Agro, Adriano Pivetta movimentou 5.230.579 ações. Em 14 de novembro, dia da divulgação,  Seibel vendeu 14.538.000 de ações. Em 5 de dezembro, quando o período de vedação era motivado pela proximidade do anúncio da venda de duas unidades de biodiesel para a Oleoplan, por R$ 100 milhões, Otaviano Pivetta movimentou 7.902.500 ações. Às 14h25, a ação da Vanguarda era negociada por R$ 0,40 na BM&FBovespa, estável em relação à véspera.

Procurado pela reportagem, Otaviano Pivetta afirmou que não é responsável direto pela negociação de suas ações na Vanguarda. Segundo ele, é o BTG Pactual que administra essa movimentação. Procurado, o BTG Pactual preferiu não se pronunciar. O produtor e empresário rural é o maior acionista individual da Vanguarda Agro, com fatia de 27%. A Veremonte, controlada pelo investidor espanhol Enrique Bañuelos, tem 22%. Helio Seibel mostrou-se surpreso com a denúncia. “É uma informação nova. Há pessoas que cuidam disso para mim. Não emiti nenhuma ordem específica”.

“Devido ao fato de que se tratava de um dia supostamente deveria ter um volume menor que o habitual, por ser uma segunda-feira anterior ao feriado do dia 15 de novembro de 2011, chamou muito a atenção de inúmeros acionistas minoritários que houvesse um volume tão alto de negócios, com 29.220.400 de títulos negociados, justamente no dia da divulgação de péssimos Resultados do Terceiro Trimestre  de 2011 (prejuízo de R$ 70.251 mil) quando nos 30 pregões anteriores, o volume foi de 20.531.827 de títulos negociados”, afirma, textualmente, carta enviada por Malara ao CEO Bento Moreira Franco sobre a movimentação do dia 14.

Também procurada, a CVM informou que não tem condições de confirmar qualquer informação a partir do código do protocolo (SCW22735105) de atendimento informado ao Valor por Malara. Feito eletronicamente, o pedido de investigação demora cinco dias úteis para ser acusado pelo sistema da comissão.

O pedido de investigação acontece pouco depois de a Veremonte ter decidido deixar a gestão da Vanguarda Agro após divergências com Otaviano Pivetta e Helio Seibel a respeito de uma solução para o elevado endividamento da companhia. A Veremonte é a maior investidora da Vanguarda Agro. Primeiro comprou a Brasil Ecodiesel, e depois incorporou ativos dos grupos Maeda e Vanguarda do Brasil, fundada por Otaviano Pivetta. A partir desses três investimentos, nasceu a “nova” Vanguarda Agro, que faturamento anual estimado em R$ 1,5 bilhão e dívidas da ordem de R$ 600 milhões.

Fernando Lopes e Gerson Freitas Jr.