Depois de dedicar cerca de 18 anos ao mercado financeiro, Luis Felipe Adaime está em uma missão: salvar o mundo. Para isso, ele quer abrir o – até hoje – hermético mercado de créditos de carbono para o investidor comum. O plano começou a ser colocado em prática com a fundação da Moss, uma fintech que já é a maior negociadora de créditos de carbono do mercado voluntário no Brasil.
Em entrevista à BiodieselBR.com, Adaime falou sobre como o RenovaBio deve afetar a oferta de créditos de carbono no mercado brasileiro. Ele também tratou sobre o interesse de investidores que não são obrigados a compensar suas emissões por meio da compra de CBios.
Quais foram os motivos que levaram você a fundar a Moss? E qual é o papel que você espera que a empresa desempenhe?
Quando resolvi sair do mercado financeiro, no final do ano passado, decidi que queria fazer alguma coisa que tivesse impacto positivo para o mundo. Hoje, o principal problema global são as mudanças climáticas. E ponto final! Não se trata de uma opinião minha, pois mais de 97% dos cientistas do mundo concordam que esse é um desafio existencial para a humanidade. Um aumento das temperaturas médias em 2 °C e 3 °C nos próximos 50 anos pode parecer pequeno, mas as consequências já seriam drásticas: a produção global de alimentos cairia entre 30% e 50%, haveria migrações em massa para as zonas temperadas a medida que os trópicos ficassem muito quentes e o derretimento das calotas polares levaria à submersão das cidades litorâneas. E se chegarmos aos 4 °C ou 5 °C das projeções mais pessimistas, as consequências seriam ainda mais dramáticas. O cenário é de caos e não é algo que vá acontecer daqui a 300 anos, mas daqui a 50. Sempre me pareceu que a solução para isso passava por internalizar os custos das emissões de gases do efeito estufa, garantindo que as empresas paguem pelo carbono que colocaram na atmosfera.