Relator quer votar proposta de alterações na Lei Kandir na próxima semana
O senador Wellington Fagundes (PR-MT), relator da comissão mista que analisa alterações na Lei Kandir, informou que pretende apresentar em 31 de outubro sua proposta sobre o tema. A intenção dele é votar o relatório na semana seguinte para que os plenários do Senado e da Câmara votem o texto até o fim de novembro.
Nesta quinta-feira (26), o colegiado fez a última de uma série de audiências sobre o assunto. A comissão foi criada para dar uma solução legislativa a um impasse entre estados e União, surgido após a vigência da Lei Kandir. Aprovada em 1996, a norma isenta do ICMS as exportações de produtos não industrializados.
Até 2003, os estados tinham garantido o repasse pela União de um valor para compensar as perdas com a isenção. Após mudanças na legislação, este montante deixou de ser fixado, e os governadores passaram a negociar a cada ano com o Executivo federal a quantia a ser repassada.
Em novembro de 2016, numa ação movida pelo Pará e outras 15 unidades da federação, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu o prazo de 12 meses para que o Congresso Nacional regulamente os repasses dos recursos. Caso isso não ocorra, caberá ao Tribunal de Contas da União calcular e definir as regras.
“O Congresso Nacional tem que normatizar isso para que os governos tenham condições de se planejar. Muitas vezes os administradores fazem um planejamento e ficam sem condições de executar porque a receita não chega”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira.
Desafio
O consultor legislativo do Senado Josué Pellegrini avisou, no entanto, que a tarefa não será fácil. A começar pela dificuldade de se calcular as perdas exatas de cada estado.
“Além de encontrar uma fórmula com fundamento econômico para saber com exatidão quanto cada um perde, ainda é preciso convencer a União. O desafio é muito grande, e o tempo é curto. Espero que a comissão consiga resolver”, afirmou.
O senador Wellington Fagundes disse que trabalha com sua equipe técnica numa proposta que passe pelo Congresso e seja sancionada depois pelo Poder Executivo.
“A compensação feita hoje aos estados está muito aquém. Não podemos perder essa oportunidade, e o Congresso não pode ser omisso novamente”, afirmou.
Para a vice-presidente da comissão, senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), o caminho mais inteligente seria uma reforma tributária. Enquanto isso não ocorre, ela alegou que a Lei Kandir cumpriu seu papel mas agora carece de reformulação.
“Quem tem brigado pelas compensações são os governadores, que perdem receita, mas o setor produtivo, principalmente indústria e agropecuária, têm que se entender também. O governo federal faz de conta que paga e o estadual faz de conta que recebe. O desafio do relator é buscar consenso”, opinou.
Biodiesel
Participaram da audiência desta quinta-feira dois representantes dos produtores de biodiesel, que apresentaram números do setor, defenderam as vantagens do produto e reivindicaram o aumento da mistura no óleo diesel.
Segundo o diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, atualmente há 8% de biodiesel no diesel usado nos veículos; outros países estão muito à frente: na Indonésia, por exemplo, este percentual é de 20%; na Argentina e na Colômbia, 10%.
A partir de março do ano que vem o Brasil também chegará aos 10%, e ele pediu apoio dos parlamentares para que essa proporção suba gradualmente, chegando a 20% em 2030.
Anderson Vieira – Agência Senado