Bolsonaro diz que “há chance” de Brasil comprar diesel da Rússia
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta segunda-feira (27/6) que existe uma “chance” de o Brasil comprar diesel da Rússia. Se confirmada, a medida iria na contramão de vários países que têm adotado uma série de sanções contra os russos – como o embargo a importações de petróleo e derivados – em razão do conflito com a Ucrânia, que já dura quatro meses.
Durante conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo federal comentou a conversa por telefone que teve com o presidente russo, Vladimir Putin, nesta segunda (leia sobre o telefonema mais abaixo). Segundo ele, foram tratados de temas como segurança alimentar e energética e a aquisição de combustível.
“Conversei com o presidente Putin hoje, da Rússia. Trocas comerciais entre nós. Temos aí a segurança alimentar e a segurança energética. Então, há chance de comprarmos diesel de lá. Fica, com toda certeza, um preço mais em conta”, afirmou.
Entenda
O diesel está com alta demanda no mercado internacional. No Brasil, o combustível atingiu o maior valor da série histórica, iniciada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 2004.
O Brasil é considerado estruturalmente “deficitário” em óleo diesel. No ano passado, por exemplo, quase 30% da demanda total do país veio de fora.
De acordo com representantes do setor ouvidos pelo Metrópoles, há risco de desabastecimento no Brasil caso não haja sinais de que o preço do mercado será mantido. A crise, inclusive, aconteceria durante o momento de maior exportação de grãos, entre junho e julho, o que poderia agravar a dimensão dos problemas que se avizinham.
Historicamente, o consumo de diesel é mais alto no segundo semestre em razão das sazonalidades das atividades agrícola e industrial. Segundo fontes do governo, o Ministério de Minas e Energia já trabalha com a expectativa de que o consumo do combustível neste ano supere a quantidade consumida em 2021.
O comitê de campanha do presidente Jair Bolsonaro considera a pauta prioritária em um cenário em que o mandatário da República trabalha para ser reeleito.
Conversa com Putin
A conversa entre os dois chefes de Estado não foi comunicada oficialmente pelo governo brasileiro. O telefonema não estava na agenda oficial de Bolsonaro prevista para esta segunda-feira.
O Kremlin se manifestou sobre o encontro e disse que o telefonema foi acordado durante a recente cúpula do Brics, realizada em formato virtual na semana passada.
“Os problemas da segurança alimentar global são considerados em detalhes. O presidente da Rússia fez uma avaliação detalhada das causas da difícil situação do mercado mundial de produtos agrícolas e fertilizantes. A importância de restaurar a arquitetura do livre comércio de alimentos e fertilizantes, desmoronada pelas sanções ocidentais, foi enfatizada”, afirmou o governo russo.
Putin ressaltou que a Rússia está empenhada em cumprir o compromisso de garantir o fornecimento ininterrupto de fertilizantes aos agricultores brasileiros.
Outros assuntos da agenda internacional também foram abordados, inclusive levando em conta a presidência rotativa do Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a partir de 1º de julho.
Mayara Oliveira – Metrópoles