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Política

Alas do governo insistem em ‘abrasileirar’ preço de derivados do petróleo


Valor Econômico - 22 nov 2023 - 09:05

A reunião convocada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conter o embate travado no governo sobre o reajuste de preços dos combustíveis da Petrobras serviu para baixar, pelo menos no discurso, a pressão sobre o presidente da petroleira, Jean Paul Prates. Tanto o executivo da companhia quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saíram do encontro dizendo que foi uma conversa rotineira para tratar do plano estratégico da estatal que será finalizado nesta semana.

Coube, então, ao ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, expor que o racha no governo ainda persiste ao insistir que a estatal precisa “abrasileirar” os preços dos combustíveis. Os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que defendem uma redução maior no preço da gasolina e do diesel pela Petrobras, não quiseram falar após a reunião.

Na avaliação de Pimenta, a estatal tem que encontrar uma “equação” que permita uma redução maior nos preços de óleo diesel, gasolina e gás de cozinha. Questionado sobre o embate entre Prates e Silveira, Pimenta demonstrou estar alinhado às críticas contra o chefe da companhia.

“Nós temos que abrasileirar os preços dos combustíveis. Eu espero que, tecnicamente, esse projeto de equilíbrio necessário que a Petrobras busca e o Brasil precisa possa produzir uma redução ainda maior no preço do óleo diesel, da gasolina, do gás de cozinha. São insumos fundamentais e decisivos para alavancar a atividade econômica”, disse o ministro da Secom, em entrevista à revista “Veja”.

De acordo com Pimenta, o governo está monitorando, inclusive, uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) que ocorrerá nesta semana. Apesar disso, ele negou que a gestão petista vá tomar qualquer “medida extrema”.

Além da disputa sobre o “timing” de reajuste de preços, existem divergências sobre a definição do novo plano estratégico da estatal para o período 2024-2028, que deve ser apreciado pelo conselho de administração da empresa na quinta-feira (23).

Ao deixar a reunião no Palácio do Planalto, Prates tentou atenuar as pressões sofridas no comando da estatal relacionadas à política de preço dos combustíveis. “[Foi uma] reunião positivíssima. Venho aqui toda semana, a discussão normal sobre diretrizes. Não tem problema nenhum.”

O executivo da Petrobras ressaltou que a decisão não é tomada a partir de “pedido” de integrantes do governo. “Essa coisa não funciona assim, não é pedido. Não existe esse pedido efetivo”, disse a jornalistas. Segundo ele, há um esforço de manter a estabilidade de preços em meio as oscilações no mercado. “Seguramos um tempo com estabilidade ao longo do período de muita oscilação”, afirmou Prates.

O ministro da Fazenda, assim como o presidente da Petrobras, reforçou que a reunião chamada por Lula teria sido para tratar exclusivamente do “cronograma de investimentos” da companhia. Após a reunião, Silveira e Costa seguiram reunidos com o presidente Lula até o chefe do Executivo deixar o palácio.

Rafael Bitencourt, Renan Truffi, Fabio Murakawa e Guilherme Pimenta – Valor Econômico