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Leilões de biodiesel

Baixa oferta de biocombustível no País preocupa o governo


Terra - 03 out 2012 - 08:32 - Última atualização em: 03 out 2012 - 11:59
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A baixa oferta de biocombustível preocupa o governo brasileiro. "A oferta no último leilão destoa muito da capacidade nominal", afirma o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles, que aponta redução na oferta pública em setembro. O presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Erasmo Batistella, defende o setor e acusa o governo pelos baixos preços estabelecidos no último leilão.

No 27º leilão, de setembro, foram colocados à disposição 848 milhões de litros, ante os 1,017 bilhão de litros oferecidos no leilão passado. O número é muito baixo, diz Dornelles. Dados da Biodieselbr indicam que o setor poderia colocar 1,66 bilhão de litros de biodiesel à venda a cada trimestre. "O stress e os riscos que a oferta apertada traz são cruciais. Não dá para ficarmos aos dessabores de uma indústria volátil", completa.

Dornelles ressalta o fato de que a baixa oferta pode gerar alta de preço, que não é boa para o País nem para o consumidor. "E a sazonalidade do preço ainda transmite para a sociedade a impressão de descontrole", afirma. Para o dirigente, houve um descompasso entre a demanda e a oferta desse tipo de combustível no País. E isso pode provocar problemas sérios para o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB).

O representante do governo salienta a importância do compromisso dos fornecedores para que não falte biodiesel no País nos próximos anos e para o sucesso do PNPB. "Sem a certeza do abastecimento, há uma crise de confiança por parte do consumidor. Em outra ocasião, essa desconfiança quase levou o programa à ruína."

Em defesa às críticas de Dornelles, Batistella garante que não vai faltar biocombustível. Ele diz que as indústrias estão comprometidas com o abastecimento nacional e a baixa oferta ocorreu por causa dos preços estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). "Não participar do leilão foi estratégia de algumas empresas. Além disso, quem não tinha estoque não podia correr o risco de colocar biodiesel a venda com margem de preço tão apertada", afirma o presidente da Aprobio.

Preço do biodiesel
"Quando pedimos para participar da elaboração do custo foi porque aumentou o preço da principal matéria-prima do biodiesel brasileiro, a soja, e isso puxou nossos valores para cima", afirma Batistella. Ele diz ainda que os produtores não podem trabalhar expostos a esse tipo de variação.

O superintendente-adjunto de abastecimento da ANP, Rubens Cerqueira de Freitas, discorda. Ele observa uma timidez por parte dos produtores de biodiesel, pois esperava uma oferta maior no último leilão. Ele afirma ainda que a ANP está aberta a conversas. "Convidamos as associações de produtores para o debate, mas não adianta chegar com planilhas superficiais. Na semana passada, o preço do óleo de soja, por exemplo, fechou bem abaixo do que havia sido calculado", diz Freitas.

Em resposta aos comentários do dirigente da ANP, Batistella diz que as indústrias já estão trabalhando em discussões e fazendo propostas para o próximo leilão.

Sobre o fato de o biodiesel brasileiro ter como matéria-prima principal a soja, Dornelles afirma que o País corre o risco de ter de importar grandes quantidades de soja a partir de 2020 caso seja atendido o pleito das usinas de ampliar a mistura do biocombustível para 20%. Para ele, neste cenário, a soja não ganharia escala suficiente para atender às previsões do mercado. "O setor de biodiesel cresce a níveis galopantes. Até lá a produção vai ter de dobrar", alerta.

Batistella rebate dizendo que a produção de soja será suficiente. Entretanto, para ele, o País terá de processar mais e exportar menos. "A próxima safra será de 82 milhões de toneladas, 40 milhões são exportados. Se deixássemos de exportar, teríamos mais 10 milhões de litros de óleo de soja", diz. Além disso, ele explica que a indústria está investindo em pesquisas para a utilização de novas matérias-primas. "Um marco regulatório incentivaria isso, pois traria segurança para os produtores."

SABRINA BEVILACQUA - Terra
Com correções e adaptações por BiodieselBR

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