Limite de peso é problema no transporte de biodiesel
No início do mês aconteceu em Brasília a 14ª Reunião da Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel. Entre os temas discutidos estiveram presente os problemas para o setor de biodiesel gerado pelos limites máximos de peso estabelecidos pela legislação para o transporte do produto.
O tema foi alvo de uma apresentação da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Segundo a explanação do assessor econômico da Abiove, Leonardo Zilio, as diferenças entre a densidade do biodiesel e do diesel mineral tem tornado difícil a vida das transportadoras que, muitas vezes, acabam se expondo a multas por ultrapassarem os limites de peso que poderiam transportar numa só viagem.
Atualmente, os caminhões de transportes de combustíveis líquidos contam com setas indicativas que marcam visualmente o limite permitido para gasolina, etanol e óleo diesel. Muito embora, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) tenha publicado um edital que iguala as setas do biodiesel e do óleo diesel comum, nem sempre isso tem sido o bastante para garantir que as transportadoras trabalhem sem sustos.
Um levantamento feito pela Abiove indicou que dos 1.701 embarques de biodiesel realizados durante o segundo semestre do ano passado, 56 tiveram problemas com o excesso de peso que levaram à emissão de multas contra as transportadoras. O problema tende a se agravar caso a mistura obrigatória seja elevada para além do B5.
Ciência básica
Para entender o problema é preciso lembrar um pouco das aulas de física do colégio. Em especial o conceito de densidade que se define como a relação entre a quantidade de massa e o volume de um determinado material. Um exemplo pode ajudar a visualizar a questão: uma tonelada de um material de alta densidade como o ferro, por exemplo, ocupará bem menos espaço do que o mesmo peso de um material menos denso como o algodão.
No caso do biodiesel o maior complicador é que, enquanto os contratos são fechados em função do volume, as multas são aplicadas em função do peso da carga, o que potencializa o aparecimento de conflitos. A situação se torna ainda mais complicada quando observamos que a densidade do biodiesel pode variar bastante em função da matéria-prima com a qual ele é fabricado, e, até mesmo da temperatura do dia no qual ele será transportado.
Para tentar minimizar as dificuldades o Conselho Nacional de Transito (Contran) está propondo a adoção de uma tolerância de 5% do Peso Bruto Total (PTB) para as cargas de biodiesel. A Abiove acha que isso é pouco e defende uma tolerância equivalente a 9%.
A apresentação pode ser conferida na íntegra aqui (.pdf).
Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com